quinta-feira, 31 de março de 2011

Jornalismo diário

Todo dia um novo desafio.

Seja a falta de médicos em uma Unidade de Socorro da Família, seja a situação da segurança nas imediações de Manaíra ou um binário em Bayeux. Todo dia uma nova pauta, uma nova matéria, uma nova razão para se indignar com o mundo que nos cerca.
Sim, indignação. Indignação diante do tratamento dado aos pacientes renais que, três vezes por semana, precisam passar 4 horas ligados a uma máquina que filtra seu sangue. Indignação contra os traficantes de animais que prendem passarinhos que não vão sobreviver a longa viagem até a Europa, onde, os poucos que sobrarem, serão vendidos como coisa rara vinda dos trópicos, indignação contra a justiça que se cala diante de uma família que aguarda o julgamento do assassino de seu filho há mais de um ano.
Indignação.
Este é o combustível que nos acorda todos os dias e nos faz pensar "tenho que mudar o mundo". Sim, jornalista bom é o que pensa isso, o resto é repórter de fofoca e de moda, não agrega muito. Jornalista bom é que nem marceneiro, que olha a madeira e fala "tá fora de prumo", traz uma plaina e desbasta a viga, até ela se alinhar.
Jornalista de verdade, que tem tesão pela notícia, mas não pela notícia em si, e sim no resultado que ela pode trazer, é assim, um romântico, que acredita que as coisas podem, sim, mudar.
Jornalista de verdade não desiste de tentar, todo dia, mudar alguma coisa no mundo. Não é só ler minha matéria de manhã cedo enquanto tomo café, mas sim, pensar em quantas pessoas que podem me ajudar a mudar o mundo estão fazendo o mesmo que eu, olhando aquilo, se indignando junto comigo e pensando em formas de transformar o mundo.
Afinal, ninguém faz isso sozinho. Nem mesmo um jornalista.

terça-feira, 29 de março de 2011

Saudades

Ando sentindo umas saudades estranhas
Que não pensei as sentir tamanhas
Saudades de andar com meu cachorro
Nas noites de outono do Embaré

Saudades do meu cachorro não são estranhas
Faz quase um ano que aquele pulguento não me sorri
Três meses de João Pessoa, longe das pessoas que amo
E de algumas que não me amam mais

Mas sinto falta de algumas pessoas
André, Fernando, mais uma série de pessoas
Saudades até de quem não me ama mais
Daqueles que me prometeram proteger
e se omitiram, me deixando pelo caminho

Saudades de meu primo Rafael
Meu melhor amigo, confidente
O único que me entende sem me entender
O único que nunca julgou qualquer decisão minha

Saudades dos meus pais, do meu irmão
Saudades do meu colchão no chão do quarto dele
Saudades até da minha ex-melhor amiga, que, agora, não quer me ver mais.

Saudades, saudades, saudades...
Ainda bem que a vida que tenho aqui compensa qualquer falta que sinta de lá.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Nunca fui Nerd - Uma análise de André Forastieri

Admiro este cara há algum tempo. Gosta das mesmas coisas que eu e com conhecimento de causa, o que é boa razão para segui-lo.

Ele escreveu sobre ser nerd e sobre isso ter se tornado um rótulo. Vale a pena ler no Digestivo Cultural

Enjoy!

JT.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Trabalho e prazer

Todos os dias sou cobrado quanto a meus horários. Entendo e concordo com as cobranças. Sou lento para escrever. Tenho duas pautas por dia e ainda não peguei o ritmo de redação diária. Hard news é isso mesmo... hard. Tudo o que eu andava precisando.
Hoje minha editora e meu pauteiro me cobraram isso. Meu pauteiro é um cara super gente boa, até fica estranho ele cobrando, mas ele é cobrado também, e a editora sobre ele também é cobrada, e o cara que cobra a editora, e por aí vai, até chegar ao público, que é quem cobra, com toda a razão, a qualidade e a velocidade e eficiência de nosso trabalho.
Preciso melhorar minha produtividade. Escrever aqui é tão fácil. Não usarei sequer cinco minutos para escrever isso, mas uma matéria, cheia de fontes, pensamentos, frases, citações, informações e tópicos diferentes ainda fica complicado para mim. O errado sou eu, e preciso corresponder a confiança posta sobre mim. Confiança esta que me deixa muito a vontade para trabalhar.
A partir desta autoanálise eu consigo trabalhar. Vamos ver se consigo fazer isso direito, né não?
Afinal, pela primeira vez na minha vida estou fazendo o que mais gosto. Um dia, metido em um protesto de estudantes fedidos dentro da câmara de vereadores. No outro dia, andando em uma praia de nudismo. A rotina nunca mais será a mesma. Graças a Deus!

sexta-feira, 11 de março de 2011

14 de Março: Dia da poesia

Só para eu e você não esquecermos que é o dia que comemora cada linha e cada estrofe que já escrevemos ou desejamos escrever, seja sobre o que for.

Vale lembrar; Escrever é por prá fora seu eu interior.

Nunca esqueçamos disso.

Feliz dia da poesia!

terça-feira, 8 de março de 2011

Ando ouvindo muito esta música. Descobri João Nogueira bem tarde, por causa do seu filho, Diogo, de quem gosto muito.



Se você ouvir até o final, vai ver o começo do programa "Ensaio" com ele. Mas o que pega mesmo é a música Espelho, que é demais.

Outra que fala mais ou menos do mesmo tema, que é o amor e a influência do pai sobre o artista é "Naquela Mesa", que Sergio Bitencourt fez em homenagem ao pai, o grande Jacob do Bandolim.



Meu pai diz que esta música é seu epitáfio. Penso nas duas como músicas para falar da saudade do pai. Tenho sentido bastante saudade do meu pai e da minha mãe. Estas músicas vêm exatamente na hora certa para falar disso.

Nunca perdi uma pessoa próxima o bastante de mim para sentir falta. Isso faz de mim alguém desapegado das pessoas. Sinto saudades, mas não a ponto de chorar ou mudar meus planos para voltar atrás. Isso foi uma das coisas que acabou com um dos mais importantes relacionamentos da minha vida. Este desapego, no entanto, não tem apenas o lado ruim. Ele me trouxe até onde estou hoje, na Paraíba, trabalhando com o que amo, fazendo o que gosto.

Tudo tem um preço, e tudo depende de quanto estamos dispostos a pagar. Precisamos entender isso. Eu sei que este texto ficou meio sem sentido, acho que é saudade dos pais. Só isso...

sábado, 5 de março de 2011

The Adjustment Bureau

Sabe qual a diferença entre Matt Damon e seu melhor amigo Ben Afleck?

Escolhas. Os projetos em que o Matt se meteu ao longo da vida são fora de série, enquanto os projetos em que Ben esteve envolvido também o são (mas de uma forma bem menos elogiosa).

Um dos exemplos? The Adjustment Bureau, inspirado em Phillip K. Dick, conta a história de um jovem congressista que vê que sua vida parece estar sendo manipulada por forças ocultas.

Abaixo, o trailer.

terça-feira, 1 de março de 2011

Violência

João Pessoa passa por um momento delicado. A polícia entrou em greve, e a gente sabe que, quando os gatos saem, os ratos fazem a festa. Uma menina que mora aqui no pensionato acabou de ser assaltada.
O ladrão a seguiu até a porta da pensão e a abordou aqui. Levou uma bolsinha e o celular. Algum policial na rua? Ronda? Patrulha? Nada. Apenas os ladrões soltos, fazendo o que bem entendem da vida da gente.
A problemática da violência não é exclusividade de João Pessoa e nem da Paraíba. Vemos todos os dias, em todos os cantos, os números de assassinatos crescendo acima da população. A impunidade oferecida pela lei brasileira é um motivador para isso. Quantos casos de assassinatos não vemos diariamente sem solução? Outros, ainda, aumentam mais a nossa revolta, quando pensamos que o assassino foi identificado, mas ainda aguarda o processo em liberdade?
Polícia na rua é o bastante? Não. Mas a polícia atuando na repressão e na educação é parte fundamental do processo de segurança. Uma lei mais austera, tribunais mais eficientes e sistema carcerário voltado para a reintegração do elemento são outros pontos fortes na discussão. Pena de morte? Prisão perpétua? Confinamento absoluto? Quais os caminhos que a lei deve tomar?
Eu sei que a ausência da polícia na rua fará com que outra força cresça na Paraíba. o poder paralelo do tráfico, as milícias formadas pelos próprios policiais, seguranças particulares. Todo um repertório que já vimos acontecer em tantos lugares antes daqui. Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás. Sabemos que não é o caminho, mas é isso ou o caos.
Lembro que cerca de um mês atrás um rapaz foi linchado aqui na porta de casa. julguei absurda a atitude da população. Minha opinião continua a mesma. Não temos o direito de efetivar a justiça por nossas próprias mãos. Para isso temos a polícia.
Porém, e se não tivermos a polícia? quem poderá por nós?
Milícias nas ruas? Não demora, acreditem... Não demora...