domingo, 31 de julho de 2011

Passado e presente

Quinta-feira eu passei o dia visitando o passado, olhando velhos blogs parados, vendo antigas pastas de recortes. Passei o dia a passeio por minha história. Não gostei de puxar da memória cada dor que eu já passei. Cheguei à conclusão que não eram tão acertadas as decisões que eu tomei. Os caminhos da minha vida acabaram por me levar para um sentido que não era exatamente o que eu queria.

Outra coisa que notei... De um velho blog que escrevi com um propósito específico ano passado, quase nada se pode salvar. E não é porque discorde das ideias que estão ali, e sim pela completa ausência de qualquer racionalidade. Olhei aquilo com profundo desprezo e me perguntei como pude escrever tanta besteira e perder tanto tempo com sentimentos que não me edificaram em nada, e como pude abrir mão de uma pessoa tão importante por causa disso. Olhar para si em perspectiva só mostra o quanto é possível mudar.

E mudei. Deixei a barba crescer, comprei novas roupas, assumi novas posturas, tive novas ideias, vim para uma nova cidade. O tempo nos amadurece e acabamos nos surpreendendo quando olhamos para trás em perspectiva.

Meu passado é estranho e me trouxe até aqui. Me arrependo de muitas coisas? Sim. Muitas. Mas elas me fizeram ser o que sou hoje.

sábado, 30 de julho de 2011

agradecimento

Gente, estou ficando muito feliz de ver o movimento por aqui... Isso é coisa que eu não via há algum tempo.

Obrigado pela preferência. Comentem, indiquem! É para nós que faço este blog! Sugiram, participem, discordem, opinem! Eu nunca quis ser unanimidade, e quero mesmo saber o que vocês pensam!

Até mais!

João Thiago

Se isso não é amor...

Amor não tem entendimento
Senão, não seria amor
Não tem sortilégio
Ou encantamento
Senão, amor não seria
Seria qualquer coisa louca
Magia
Ou talvez macumba
(Macumba não é amor)

Amor não exige compreensão
Nem muito menos
Se pode explicar por equação
Amor não é isso
Amor não é matemática
Nem teste de gramática
Amor não é geografia
Apesar da geografia do seu corpo
ser o objeto do meu amor

Amor não é rotina
nem queda de cabelo
por falta de queratina
amor não envelhece
nem se entristece
O amor é uma criança feliz

O amor é isso
E não é ao mesmo tempo
Amor não se explica, se vive
Sem dor, tristeza ou sofrimento
O único motivo de amargura
é estar longe da sua carne nua
Se isso não é amor,
Não sei mais o que é.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Marcas

Se te marcou, se te feriu, com certeza te fez mais forte.

Se te deixou sem fé na vida, no amor ou nos sorrisos, com certeza te fez mais honesto.

Se te deixou desabrigado, solitário, certamente te fez mais amigo.

Se te traumatizou e se cauterizou em sua mente, com certeza te fez mais corajoso.

Ainda assim, se você acha que não é mais forte, mais honesto, mais amigo e mais corajoso do que era antes, tudo isso te fez mais humilde.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Insegurança

Ontem, conversando com uma moça muito bonita e inteligente, ela me revelou que era insegura e cheia de medos. Frutos de problemas do passado, coisas que acontecem na vida das pessoas e acabam transformando as histórias delas, fazendo-as mudar.

Situações no meu passado me fizeram me fechar em concha. Me tornei mais duro com o mundo à minha volta e com as pessoas também. Eu me tornei alguém mais difícil de se conviver, alguém amargo, sim.

No entanto, descobri que, se eu permitir que o medo me impeça de viver, isso quer dizer que o medo venceu. Não posso não procurar trabalho só porque acho que não tenho nada a oferecer àquela empresa, ainda que me considere um incompetente (e durante muito tempo eu pensei ser isso mesmo). Não posso deixar de me aproximar de uma pessoa porque acho que ela não vai se interessar por mim (tá, essa eu ainda preciso vencer, vai). Não posso fingir que o mundo não quer saber de mim só porque acho isso.

Em um filme eu ouvi uma frase que abriu meus horizontes: A vida só gosta de quem gosta dela. A vida só sorri para quem sorri para ela. A vida não vai te dar coragem, nem força de vontade. Isso tem que vir de você.

No mais, todas as portas estão abertas à sua espera. Basta que você atravesse os batentes.

O medo é natural. Uma condição que mantém o homem vivo. Se não tivéssemos medo, ou dor, faríamos tudo o que coloca nossas vidas em risco. Mas graças a Deus sentimos medo e sentimos dor, tanto física quanto mental e moralmente.

São este medo e esta dor que nos seguram quando precisamos. Porém, se eles forem grandes demais, podem nos impedir de avançar, nos segurando mais do que o esperado. Não é isso que queremos, não é verdade? Queremos, sim, avançar, ainda que o medo esteja presente em nossas vidas.

Deixe que o medo seja uma balança para você, e não uma corrente. Ele tem que ser colocado como ponderação, senão, acabamos fazendo as coisas com ímpeto, e não podemos viver apenas com o ímpeto. Não somos selvagens. Nós racionalizamos, pensamos. Agir apenas segundo o instinto é coisa para animais. Devemos usar o instinto a favor da inteligência, já diria Sid Ali em "O Clone" (Sabedoria maometana é sempre bom de manhã cedo).

Então, guria linda (porque ela é uma guria deslumbrante mesmo, bonita toda vida...), pare de deixar o medo e a insegurança te segurarem. Envolva-se em projetos que desafiem sua coragem e seu ser. Renove-se, viaje, enfrente o mundo. Acredite em você. A vida quer te amar. Basta você ama-la de volta.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sapato Velho

Sapato velho se usa em poucas ocasiões. Geralmente quando a gente precisa dele. Não lhe damos a devida atenção, ou o devido carinho. Sapatos velhos servem para a hora em que estamos com os pés cansados, ou ainda, quando temos que sair na chuva. Ou seja: Sapatos velhos são aquela coisa que só pegamos quando precisamos.

Muitos de nossos amigos são nossos sapatos velhos, não é verdade?

Apenas nos aproximamos deles quando precisamos de alguma coisa, ou quando não temos outro amigo ao lado, ou quando nos sentimos sozinhos.

Nós mesmos também não somos sapatos velhos de muita gente?

Só coloquei isso aqui para que você pense um pouco antes de querer vestir aquele sapato velho apenas na hora que você precisar. Se você, de vez em quando, passar uma graxa, ele agradece.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Príncipes encantados, princesas e torres de alabastro

No fundo, no fundo, toda mulher é uma heroína romântica em potencial. o realismo e a secura que imprimem à própria vida são apenas as torres de alabastro de onde ela quer ser resgatada pelo Príncipe encantado, o herói por excelência.

Só que a maior parte das mulheres de hoje, independentes, donas de seus próprios narizes, não admite é que querem mesmo isso. Se dizem donas de si mesmas, mas no fundo, bem lá no fundo de seus corações apaixonados, ainda querem que um homem mate os dragões, suba as escadas, acabe com o mago mau, chute a porta do calabouço e as carregue no colo para além dos domínios do realismo. Toda mulher quer ser amada, já diria Rita Lee.

E não há vergonha nenhuma nisso.

O problema é que o mundo e os homens não são tão românticos quanto os sonhos delas. Então elas abandonam este desejo pelo príncipe encantado. E eu não acho que a mulher precise abrir mão de todas as coisas do mundo realista de que falamos. Ela não precisa deixar de ter sucesso, ou buscar ideais profissionais. Ao contrário. Diferente do que a maioria das mulheres pensa hoje, é possível conciliar ambas faces do existir em uma vivência só.

O problema é que as pessoas pensam que é preciso eliminar um para se ter o outro. Não temos tempo para viver plenamente estes sentimentos e ainda conseguir conciliar a casa, o trabalho a família...

Os homens, por sua vez, cada vez mais tem menos postura de cavaleiros andantes. Na verdade, deixam de ser os Príncipes Encantados dos contos de fadas e passam a ser os Príncipes Encantados de Fábulas, a história em quadrinhos. Este Príncipe Encantado é puro romance, sem conteúdo. Apaixonado pela aventura e não pela mulher a ser salva, ele foi casado com Branca de Neve, a Bela Adormecida e Cinderela. Tudo pela glória de ter salvo as três.

No mundo real muitos homens agem assim,  com o intuito de juntar na estante como troféus as mulheres que amou, ou pensou amar. Eu nunca quis isso. Nunca quis me tornar alguém assim, pois acredito que isso seja de um egoísmo triste e vazio. Mulheres não são troféus. E agir assim só faz com que elas coloquem cada vez mais obstáculos para os verdadeiros cavaleiros andantes tentarem se aproximar.

Vejo amigas minhas se tornando pessimistas em relação ao mundo, ao amor e, principalmente, aos homens. Cada vez mais infantilizados, são o maior motivo da desilusão feminina. Homens não são mais preparados para enfrentar o mundo, com escudo e espada em riste, para buscar o amor de nossas vidas. As pessoas, marcadas pela ganância de uma vida de objetivos, e não significância, acabam se voltando para outras lutas. O amor deixou de ser prioridade para esta geração infanto-juvenil de adultos mal formados. Os homens desta geração não têm a fibra moral que marcava os homens de gerações anteriores. Amar não é mais um desafio pelo qual eles querem lutar.

Aos homens, que acabaram se permitindo perder a postura de príncipes de verdade, saibam que, por trás de toda mulher fria e distante, que se diz seca e fechada para o amor, não existe nada mais nada menos que uma princesa indefesa, em constante estado de negação, querendo voltar a acreditar em contos de fadas. Mas, homens, por favor, eles existam, né?

sábado, 23 de julho de 2011

Trinta anos e um mês

Agora, um mês depois dos meus trinta anos completados, sinto que preciso fazer uma análise de como cheguei até aqui. São trinta anos, afinal de contas, não trinta dias. As três décadas são marcantes. Sou balzaquiano agora, alcancei a idade da maturidade, alguns diriam.
Não eu.
Não me sinto mais maduro porque completei trinta anos. Ao contrário, ando tendo crises de imaturidade e infantilidade que me incomodam. Ajo sem pensar na maior parte das vezes, e esta minha impetuosidade acaba causando danos catastróficos e reações inesperadas em pessoas que eu gosto muito. Eu sei que esta infantilidade é fruto de uma insegurança perene, que se instalou em mim de forma a permear todas as áreas da minha vida plenamente. Sou um inseguro, sim, admito isso, mas existe certa beleza e certo lirismo nisso.
Sou mais realista? Não. Ao contrário. Chego aos 30 mais romântico do que esperava, sentindo em mim amores e dores de formas novas e diferentes. Sou novamente o adolescente que se perdeu lá atrás, cheio de amores platônicos, tomado por paixões avassaladoras de um dia, uma semana, um mês ou uma eternidade.
Resultado disso, voltei a ser um homem carinhoso com algumas mulheres. Reaprendi a fazer massagem, falar coisas doces, ser cortês. Tudo isso, não com o objetivo de conquistar, mas por conta do fato de que há em mim uma necessidade de ser assim, mais doce e delicado com as mulheres. Algumas, em especial, me chamam a atenção. Ora por quem são, ora pelo que fazem. Uma, de uns tempos para cá, tem feito isso mais assiduamente. A mantenho na platonia e creio que assim ficará eternamente. Minha insegurança me mostra que ela está mais interessada em outros aspectos de mim, não necessariamente no romance.
Em outros aspectos referentes a relacionamentos interpessoais, chego aos 30 mais pragmático do que eu pensava. Sempre fui de poucos amigos. Poucos, mas fieis e bons. Quando inventei de ter muitos, não deu muito certo. Me feri e feri de volta. Só que eu tenho o problema de guardar para mim as minhas dores, e quando explodo, geralmente é resultado de uma série de pequenas ações que foram incomodando aos poucos, enchendo o meu copo de cólera. Quando explodo sempre é por algo que vem acontecendo, não por algo que aconteceu ali, naquela hora. Aos 30 isso não é diferente em mim do que aos 20, ou aos 10.
quanto ao futuro, mais pessimista do que eu gostaria de ser. Não o vejo com bons olhos. Hoje, não me vejo casado aos 40, por exemplo. Não me vejo cercado de pessoas comemorando meus 40 anos, pois sabe-se lá onde estarei aos 40. sou um profissional bem resolvido (ao menos em alguma coisa eu tenho que ser bom), sei do meu papel na minha empresa e na minha profissão. Aos poucos tenho encontrado meu caminho. Neste âmbito, não penso que será de todo ruim o meu caminhar.
No entanto, é em outras áreas da vida que eu penso que precisarei de ajuda daqui para a frente. Penso que preciso de um analista. Alguém que entenda minhas dores e minhas neuras. Minhas inseguranças e meus traumas e me ajude a entende-los e conviver com eles. Sou um homem fechado atrás de seus escudos, atrás de suas proteções, e sei que não vou mudar. Quando tento faze-lo é para me ferir, como aconteceu com quem prometeu me ajudar e me abandonou no caminho.
Sou triste? Sim, muito, e não nego. Afinal, minha essência é tomada por uma tristeza insólita por ser alguém extremamente sozinho. E os sozinhos sabem que são errados, disfuncionais, problemáticos, erráticos. Eu sei que sou tudo isso. Tenho coisas boas? Devo ter. Uma mulher me suportou por dez anos e era apaixonada por mim. Eu devo ter algo de bom. Meu primo e melhor amigo me suporta e bem. Devo ter algo de bom. Algumas pessoas entendem minhas explosões, minhas neuras e inseguranças, mas a maioria não tem paciência para isso.
Então, acabo por ver o que me tornei. Eu mesmo, alguém um pouco amargo, um pouco egoísta, humano, demasiado humano. Gostem ou não, este sou eu. Eis o homem! E ele não tem vergonha de quem é.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Meu valor é mensurado pelo carro que não tenho

_ Oi, tudo bem?
_ Tudo. E você?
_ Tudo ótimo. Pensou na proposta que te fiz?
_ Assim... Pensei... me diz... como você vai fazer? Vai passar aqui para me pegar e a gente vai ao shopping?
_ Eu não sei se você sabe... Eu não tenho carro. A gente poderia se encontrar lá.
_...
_ Então?
_ Então... Eu estou meio mal hoje... Desculpa... Estou em dupla jornada aqui no trabalho, meio cansada...
_ Ah. Entendi.

Demos tchau e eu desliguei. Deixando bem claro o seguinte.
1 - Foi ela que pediu meu telefone para a gente conversar.
2 - Ela é linda, sim, e tem jeito de ser uma menina muito legal.


Mas principalmente: Meu valor é mensurado pelo carro que não tenho.

Dia do amigo (com um dia de atraso)

Ontem foi o dia do amigo. Não sei quantos dias do amigo tem no ano, mas acho que deveriam ser todos os dias o bendito, pois para o amigo não tem dia, hora ou momento certo ou errado para ele aparecer. Amigo simplesmente aparece, sem dia nem hora marcada, senta no nosso sofá e começa a falar das coisas que nos desagradam, mas ele pode, afinal, ele é amigo.
_ Você está comendo esta porcaria?
_ Pára de assistir estas merdas na TV.
_ Tô bravo com você. Esperava mais, sabia?
E a gente deixa, deixa falar, deixa reclamar, pois sabe que é amigo, e que quer o melhor prá gente quando fala as coisas que nos machucam. O amigo vai ser o único que, quando você conseguir uma vitória, vai ter coragem de dizer na nossa cara.
_ Vê se não faz merda dessa vez, hein?
E mesmo assim vai comemorar com a gente.
Mas o amigo também ouve a gente quando a gente reclama. Também aceita nossos toques e nossas ideias. Ou não, nunca se sabe. Amigo tem tantos jeitos de ser amigo que não dá prá dizer que tipo que é cada um. Eu sei que gosto daqueles que querem nos tirar do lugar comum, que querem nos desafiar a repensar a vida. Amigo de verdade é pedra no caminho, ou a gente tropeça ou a gente desvia, mas alguma coisa tem que fazer. Amigo de verdade é aquele que muda nosso rumo quando estamos errados, e não a multidão que aplaude nosso caminho ao penhasco. Se amigo sempre falar bem da gente, a gente deixa de ter o contraponto necessário para crescer.
Então, feliz dia do amigo se você já me deu um carão e me fez bufar de raiva. Saiba que, ainda que meu ego ferido tenha me feito evitar você durante um tempo, sua amizade vale para mim mais do que as multidões que me aplaudiam apesar de eu errar.
E eu conto com você para fazer de novo, ok?

domingo, 17 de julho de 2011

Esta semana...

Esta semana eu estava um porre. Problemas financeiros, preocupações inoportunas, Enchição de saco de todo lado. Me senti o maior incompetente emocional, quase uma criança chorona diante dos problemas que surgiam.

Quer saber...

Liguei o dane-se agora.

Dane-se se você não quer sair comigo.

Dane-se se vocês não estão se importando sobre como estou.

Dane-se se não tenho dinheiro para pagar minhas contas.

Dane-se tudo.

Exceto uma coisa. Esta eu não quero que se dane...

Meu trabalho está me deixando feliz prá caramba. Isso, sim, tem valido a pena.

E agora?

E agora?
Duas amigas se formaram esta semana. Apresentaram seus trabalhos de conclusão de curso em jornalismo e tiraram excelentes notas. Formadas com méritos, portanto. Ambos trabalho têm um potencial imenso para futuras pesquisas. Diante de mim, nas apresentações, vi os embriões de duas pesquisadoras profissionais da área de comunicação, o início da vida acadêmica de duas futuras professoras de sucesso.


O que ambas tinham em comum além de estarem se formando era a insegurança em relação ao depois. “E agora?”, foi a pergunta que fiz às duas. Em meio a planos ainda mal formados, incipientes, a vontade de tocar as pesquisas para a frente, levar a cabo seus trabalhos, desenvolver-se no meio profissional. Em ambas, a inquietação latente do embrião que quer se tornar feto, e quer se tornar criança e então crescer e frutificar.


E agora? Perguntei a ambas para ouvir suas respostas. Apesar das vontades, seus futuros são hiatos de insegurança. Apesar da coragem e da fé, O que as espera é o inesperado. Eu acredito em ambas. Duas das mais talentosas profissionais de comunicação com quem tive a oportunidade de cruzar.
Uma, preocupada com o caminho que a cultura digital está tomando no Brasil, dona de uma pesquisa de vulto que apenas começou sobre um assunto que apenas começou a ser discutido. Seu campo de trabalho, amplo, trata de novas tecnologias que vêm mudando a vida de cada um de nós, transformando a forma como interagimos com o mundo, com o outro e conosco mesmo.

A outra, mergulhada em um ambiente de fascínio e lenda de um mito incutido em nossa cultura, o vampiro, sendo observado com os olhos de uma heroína romântica e de uma pesquisadora realista e sagaz. Ela chama a atenção para o mito do vampiro, sua construção, sua importância e seus desdobamentos sócio-antropo-psicológicos, em uma cadeia na qual queremos nos prender.

Ambas pesquisas pertinentes para os dias de hoje: uma, discutindo o futuro em que estamos mergulhando, outra, procurando novos caminhos no passado no qual  já estamos mergulhados. Diante de ambas o que vi foram professores entusiasmados com o volume que as pesquisas tinham. Os caminhos e desdobramentos possíveis, os futuros de ambas. Vi professores que enxergavam vasto potencial em minhas amigas, e não é porque são minhas amigas, mas eu vejo o mesmo potencial em ambas, e vejo muito mais.
E agora?


E agora? Elas não me deram respostas satisfatórias. Até porque não é uma pergunta para a qual haja uma resposta satisfatória. Agora é prosseguir, continuar no caminho, fazer a pesquisa, seguir a vida, trabalhar, comer, amar, viver da melhor forma possível, tendo a oportunidade de fazer o que gosta, a oportunidade de lutar pelos sonhos.


E se o futuro não se apresentar majestoso e simpático, cabe a cada um de nós fazer com que ele se dobre à nossa vontade e ao nosso querer, afinal, foi com esta vontade e este querer que elas chegaram onde chegaram. Em uma vejo este querer se manifestar em inquietação, na outra, em insegurança. Naturais, ambas reações são dignas e apropriadas, afinal, elas estão começando um novo tempo em suas vidas, trilhando um novo caminho, seja ele cercado por gigabytes ou por mordidas vampirescas. O que vejo, e me orgulho por isso, é que ambas se darão bem, se virarão da melhor forma possível, passarão pela fase do “E agora?” e crescerão ainda mais, me dando ainda mais orgulho de as conhecer.

Meu recado? Meu recado é o seguinte: Agora vocês comemoram, pois batalhas muito maiores virão. Se vocês vencerão? Eu não tenho dúvidas quanto a isso, mas cabe a vocês fazer estas vitórias virem à tona. Nós somos os donos de nossas histórias, os senhores de nossos destinos e os capitães de nossas almas. Dêem o seu melhor e, acima de tudo, acreditem em vocês, em seus sonhos e em seus pés, pois é sobre estes três firmamentos que vocês conseguirão seguir em frente.


Parabéns para vocês! Eu tenho verdadeiro ORGULHO de as conhecer e ter a chance de conviver diariamente com ambas.

P.S: "E agora?" Isso nem é uma pergunta tão importante, meninas... Podem acreditar... Isso vem de alguém que já se viu diante desta pergunta diversas vezes...

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Promessas


Não prometo te dar a atenção ao telefone que você tanto espera, nem dividir as tarefas de casa. Não te prometo entender suas crises, suas neuras e sua paixão por algum cantor bonitão. Não prometo não te causar ciúmes e nem me calar em uma briga boba. Não.
Não prometo sorrisos incessantes, nem uma alegria convicta e a certeza de que tudo acabará bem. Mas prometo que meu ombro será sempre seu quando precisar. Prometo que, mesmo não entendendo suas crises, minhas mãos afagarão sua cabeça e tentarei alcançar seu coração com meus olhos. Prometo te consolar e te confortar, mesmo que não saiba porque.
Prometo paixão, prometo desejo, prometo tesão. Não preciso de você em forma, maquiada e cheirosa, preciso de você disposta para me amar da forma como te amarei, nada mais. Prometo sexo e te abraçar no silêncio de depois, dividindo com você mais do que meu corpo, mas minha alma, meus pensamentos e meu coração.
Enfim, não te prometo gostar das mesmas coisas que você, mas prometo respeitar seus gostos. Não prometo amar os seus amigos, mas vou adorar conhece-los, pois sei que em cada amigo encontrarei um pouquinho de você. Não prometo mais do que isso.
Prometo te amar. É o bastante?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Uma nova revolução

Leitores que me acompanham sabem da minha paixão por cultura pop. Porém, não devem saber o que penso sobre ela.

Cultura pop precisa nos fazer pensar o mundo segundo uma ótica diferente da que estamos acostumados. "Imagine", de John Lennon ou "Blade Runner" no cinema.





E, ainda no cinema, George Romero, o pai dos zumbis modernos.



Romero nos faz pensar o mundo nos colocando como sobreviventes a um apocalipse zumbi. Estamos em uma casa, em um shopping, em uma cidade cercada de desmortos.



Ou somos desmortos?

Esta questão sempre ficou em minha cabeça. Quem somos, afinal de contas? Aqueles que lutam, improvisam, são disciplinados e acabam sobrevivendo? Desmortos entregues ao próprio prazer de comer cérebros e carne humana? Romero nos coloca de um dos dois lados da balança. Uma multidão sem consciência de quem é ou um grupo de desajustados que luta para sobreviver? A multidão perdida me lembra "Tempos Modernos" de Chaplin e, porque não, "Admirável Gado Novo", de Zé Ramalho.



Pensando no quanto esta questão é pertinente, cheguei à conclusão que queria discuti-la, nos mesmos termos que Romero, jogando-nos em um mundo caótico de sobrevivência, morte e medo. Ou seja, um mundo nada diferente deste em que vivemos. Resolvi começar a escrever uma história. Uma história de zumbis.

Quando vi já tinha 40 páginas escritas.

Há cerca de um mês comecei a postar os capítulos desta história em um blog à parte, um projeto paralelo do qual ainda não tinha falado aqui. A história de um homem lutando para sobreviver em um mundo de pessoas anestesiadas pela fome de carne viva.

E assim começou a Revolução dos Mortos, que eu te convido a conhecer.

Aguardo seus comentários!

domingo, 3 de julho de 2011

Ame!

O triunfo do sonho sobre a realidade não é algo que vem de hoje. Sempre foi melhor sonhar, mas as pessoas, com seus dois pés no chão, marcadas pelas feridas da vida, se negam este prazer, se fecham em seu mundo, achando que estão isentas de amar.

Não passam de pessoas amargas as que se negam a sentir a brisa do amor batendo em seus corações. Não sabem do mal que estão fazendo para si.

Não me furto a sempre avisar estas pessoas da besteira que estão fazendo. Nada como o amor para fazer com que as mágoas do mundo real se dissipem. Nada como o amor para nos mostrar o que tem real valor em nossas vidas. E o amor verdadeiro, este não pode ser pensado, raciocinado, racionalizado. Ele precisa ser sentido.

E quando vejo cada vez mais as pessoas fechando o coração para o amor, mais eu fico triste com estas pessoas e decepcionado pelo mundo que estamos criando. Estamos permitindo que o amor deixe de ter importância para se tornar mais um item na prateleira da vida, um detalhe em nosso caminho.

Na verdade, o amor é o próprio caminho e sem ele não seguimos a lugar nenhum.

E não venha me dizer que você ama, porque a racionalização te impede de amar. Amar não é pensar, é transgredir o pensamento, é ir além da razão. Amar é alcançar pontos dentro da própria mente que o pensamento não alcança. Amar é fantasiar e sonhar, e quem não se permite mais isso não se permite amar.

Sou um fundamentalista do amor. Só acredito nele em seu estado bruto. Não o diluo para viver. Não se ama pela metade, pois pela metade não é amor, é um sentir qualquer, como os que tantos vêm vivendo a vida inteira e acabam se ferindo, pois acham que é amor, mas estão com pés atrás, escudos erguidos e desconfiados.

A desconfiança não tem espaço no amor.

Sim, sou um romântico absoluto. E resoluto, também. Me aceito como sou. E até entendo as pessoas que carregam seus traumas e suas dores e seus horrores ao amar. Pobres... foram ensinados pelo mundo que amar dói.

Amar sempre dói. Mas é a dor que nos mostra que estamos vivos, e não sendo automatizados por nosso realismo sem sentimento e sem sentido.

Depois fica sofrendo em crise existencial e não sabe porque. Eu sei porque.

Sem amor, não temos propósito pelo qual viver.

E se você quiser, pode trocar a palavra amor por coração. Esta é minha opinião, e este texto é destinado a você, que desacreditou do seu próprio coração, pensando que ele já não merece sua confiança. Coração é enganoso? Faz-me rir. Deus não te deu um coração para você duvidar dele.

Deus te deu um coração para que ele te mostre o que te deixa feliz. Enquanto você não o ouvir, vai ficar assim, sozinho, triste, sentindo-se vazio.

Então, se quer mudar de vida, tenha a coragem de mudar de atitude. Tenha a coragem de ouvir mais seu coração. E se você acha que é enganado por ele, deixe de ser bobo. Quem cria todas as ilusões é a mente. Ela é quem alimenta seus sentimentos.

Mude sua atitude. Por um mundo que ama mais e vive mais feliz.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Eis o público paraibano!

Antes de mais nada, adoro a Paraíba e as pessoas daqui. Receptivos, simpáticas, alegres, os paraibanos sabem receber quem vem de São Paulo muito bem.

Dito isto, vamos aos fatos...

Ontem foi a terceira vez que fui ao Cine Banguê para uma apresentação de música lírica. Na primeira apresentação, Tchaikovski, pela Orquestra Sinfônica da Paraíba. Na segunda, a mesma OSPB apresentando jazz. Cole Porter, Ira Gershwin... inesquecível. Nesta terceira, a Orquestra de Câmara de João Pessoa se apresentou com o Coro Sonantis, da UFPB em uma belíssima homenagem ao maestro Radegundis Feitosa. Um Requiem escrito pelo maestro Eli-Eri Moura. Outro momento inesquecível. Palmas para Eli-Eri que escreveu uma obra inventiva, carregada de sentimento e vida, e palmas para a orquestra e para o coro que conseguiram transmitir este sentimento todo para o público.

Mas, infelizmente, não é sobre as apresentações que vou falar aqui. Vou falar sobre a minha decepção ao ver o simpático, receptivo e belo povo da Paraíba fazendo o que fez nas três apresentações.

Eu fico feliz quando vejo a arte lírica sendo levada ao público geral. Especialmente ao público que não a conhece. Isso é a orquestra pública cumprindo seu papel de levar a arte para os menos favorecidos, e quando falo menos favorecidos não falo sobre dinheiro, que sou pobre, mas gosto de coisas boas. Falo daqueles que não tiveram oportunidade de ter acesso a este tipo de arte durante toda a vida.

Pois algo comum ao povo paraibano é a intolerância com os atrasos das apresentações artísticas. No caso de um show em praça pública, como foi Gilberto Gil, por exemplo, até se compreende esta intolerância. A manifestação do público denota uma vontade grande de ver o artista diante de si. A falta de organização da produção acaba atrasando tudo, o artista tem nariz empinado e fica enrolando no camarim... O povo começar a bater palmas compassadas, é plenamente compreensível.

Mas isso não pode acontecer dentro de um teatro, antes de uma apresentação de música lírica. Isso é falta de respeito com o maestro, a orquestra e o coro, como se as pessoas estivessem com pressa de sair dali para voltar a seus afazeres.

Porém, ontem, antes da apresentação de "Requiem para um Trombone", ignorando o ambiente de respeito, o público começa a bater palmas e cantar em côro: "começa", "começa"!

Reclamei em alto e bom som.

_ Paraibanos são um público muito mal educado. Este tipo de coisa não acontece em uma apresentação da Sinfônica de Santos ou da Osesp. Músicos clássicos se atrasam porque estão se preparando, concentrados, não é arrogância ou impertinência.

A velhinha sentada do meu lado pegou ar, mas guardou para usar mais tarde, quando os músicos começaram a entrar e todo o povo aplaudiu. Menos eu, que estava lendo o programa.

_ Isso também acontece em São Paulo? Das pessoas serem mal educadas e não aplaudirem os músicos quando eles entram?

Olhei para a senhorinha que me olhava com uma cara muito feia e brava. Não consegui me conter.

_ Minha senhora, cuide da sua vida.

Queria ve-la indo assistir a uma apresentação da Osesp e aplaudindo sozinha a entrada dos músicos. Queria ve-la colocando uma câmera em um tripé bem no meio do corredor de cadeiras, fechando o caminho de quem queria sentar no resto da fileira. Queria ver se tinha gente que chegava atrasada e ainda podia entrar em uma apresentação em São Paulo. Entrou o Spalla (que aqui em João Pessoa, também se aplaude, estranhamente) as portas são fechadas e ninguém mais entra no concerto, ao contrário da Paraíba, que até pessoas entrando pela coxia e passando na frente do palco sem a menor cerimônia tem. Só faltou cumprimentar o maestro e pedir prá "tocar aquela"...

Já na apresentação de Jazz, era engraçado. Por mais que se trate de uma orquestra, jazz é jazz, tem espaço para a orquestração arranjada, os solos previstos e, especialmente, para a criação espontânea, o improviso. Nisso consiste a riqueza do ritmo que nasceu com os negros americanos. E isso se aplaude em cena aberta. Durante a apresentação, o público estava dividido entre pessoas que aplaudiam os solos excepcionais do saxofone baixo e os que ficavam fazendo "xiiiiiii", reclamando da explosão e da catarse do público. Minha vontade era de levantar e gritar.

_ Povo do "xiiii", isso é jazz! Então, aplaudam junto com a gente, que sabe o que é jazz, ok?

No fim, a lição que fica é que cada ambiente pede um tipo de manifestação do público, e o público paraibano não entende isso plenamente. Toda a formalidade fake auto-imposta durante uma apresentação clássica não funciona se ela não faz parte da sua vida. Sobra a leveza de admirar a arte em seu estado total, de acordo com a exigência do local, do repertório e dos artistas. Gostaria de não ouvir mais "Começa, começa" antes de uma apresentação no Cine Banguê. E, por favor, para estas mesmas pessoas, aplaudam quando ouvirem um solo de jazz!

Ah, e para a senhorinha, desculpe minha honestidade e minha objetividade, mas, vai cuidar da sua vida, ok?


Pois bem. Nada disso tirou o brilho da apresentação, tão tocante, profunda e bela quanto era possível que fosse. O comportamento do público paraibano me entristece, mas é fator cultural, assim como é fator cultural aplaudir cada movimento, e não a obra completa. Porém, paraibanos, por favor, não façam nada disso quando forem a São Paulo.