quinta-feira, 1 de março de 2012

Someone like you? A lot, darling...

Adele e os seis filhotes, alimentados a muita dor de cotovelo
Meus parabéns à gordinha britânica Adele que faturou o Grammy deste ano e seis categorias. O prêmio é dado aos melhores artistas do ano, e quanto a isso não existe questionamento: Ela foi definitivamente a melhor do ano.

No entanto, a Adelefever que tem tomado os corações e mentes da juventude transviada que estava em busca de uma diva não me pega.

As letras que falam de amores perdidos e da tentativa de levantar-se e dar a volta por cima são um velho caminho trilhado por tantos artistas antes dela... Um velho caminho, sim, mas bem trilhado e agradável. Todos os grandes compositores já falaram da boa e velha dor de cotovelo. Ela nos faz crescer enquanto artistas e seres humanos. A dor, em geral, tem esta característica edificante.

Mas acredite, someone like her, tem diversas. Só de cabeça eu já penso em pelo menos três cantoras/compositoras/musicistas que estão no mesmo nível e até melhores que a jovem inglesa.

Posso começar com Norah Jones, que eu seu último trabalho, "Chasing Pirates", consegue transmitir uma emoção profunda e uma unidade criativa bastante edificante. Ando por fora do que Alicia Keys anda fazendo, mas ela é outro nome que posso dizer que sempre chamou a atenção, até porquê junta à aura standard um quê de R&B que é gostoso de ouvir e dançar. Sem contar Diane Birch, cujo timbre rouco e agudo e cujas letras poéticas e líricas fazem de "Bible Belt" um dos melhores discos da segunda década do século XXI.

Isso só para ficar nas cantoras/compositoras/musicistas que tocam piano e cantam com a rouquidão de uma alma quebrantada...

O problema não é a qualidade de Adele. Ela é ótima cantora, música com verve e paixão e compositora de dor de corno como poucas. O problema é que ela só consegue se destacar porque a música hoje está passando por um péssimo momento, quando falta qualidade, diversidade e identidade aos artistas.

Todos querem ser iguais a alguém que veio antes. Quantas Amys não estão surgindo aos quatro cantos? Quantos cantores de black music querem ser o novo Akon, ou coisa parecida? Se bem que Akon já deve ser o novo alguma outra coisa, que não sei...

A mesmice parou na música e ali ficou. Adele veio dar uma chacoalhadinha (de leve) nesta mesmice. No entanto, o risco de entornar o caldo é grande, já que uma das coisas que vai acontecer agora é o surgimento de várias Adelezinhas. E não é culpa dela, é um fato que as gravadoras vão querer fazer surgir novas cantoras com o mesmo perfil.

Será que as gravadoras terão coragem de lançar algo novo no mercado? Algo diferente? Difícil... Com as mudanças do mercado da música é mais fácil investir no igual, que você sabe que vai conseguir vender.

Mas ainda tem muita coisa boa surgindo no mundo alternativo. Basta uma vasculhada na Internet para você encontrar boas bandas. Até de muita coisa de dor de cotovelo, o assunto mais comum da música moderna. Vale a pena olhar em volta e sair da mesmice. Você vai encontrar alguém como ela, acredite. E até melhor, viu?

Um comentário:

  1. Não é porque existem outras tão boas quanto ela que Adele não mereça todos os prêmios. Podem e, realmente, devem existir até melhores, mas o brilho dela não é apenas pela voz. Chegar no topo requer muito mais do que uma bela voz rouca. Requer emoção, atitude e outras qualidades que, juntas, permitem ao artista atingir patamares que outros com uma voz mais bonita já atingiram. Acredito que os prêmios foram merecidos e apesar de existir diversas outras intérpretes/compositoras/etc/etc/etc tão boas quanto Adele, é a vez dela brilhar e estar no topo!

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