domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Grande Prêmio desta noite



O cinema espera esta data o ano inteiro. Caa cinéfilo do mundo sabe que este é o dia mais importante. Os prêmios ganhados ao longo do ano perdem muito do valor quando chega o dia em que a estatueta careca será disputada. Todos querem mesmo é saber para quem vai o Oscar.

Neste ano, algumas barbadas, algumas surpresas, algumas novidades e muitas disputas boas. Há alguns anos eu não via tantos filmes de qualidade concorrendo ao mesmo tempo. Poucas vezes vi tantos atores bons disputando prêmios. Algumas categorias não estão obvias, outras, por melhores que sejam os concorrentes, são verdadeiras barbadas. A verdade é que, em 2010, os estúdios se superaram e se esmeraram na produção de filmes de qualidade acima da média, usando seus melhores recursos.


Vou começar pelas barbadas. Apesar das excepcionais interpretações de Geoffrey Rush, em “O Discurso do Rei” e de John Hawkes, em “Inverno da Alma”, o Oscar de melhor ator coadjuvante este ano vai para Christian Bale, pela sua performance acima da média em “O Lutador”. Bale interpreta o irmão do protagonista. Viciado em crack, o personagem obrigou o ator a emagrecer demais, chegando perto do que aconteceu em “O Operário” anos atrás. Bale usa sua verve dramática levando sua interpretação ao limite.


E se estamos falando de limites e de barbadas. Este é o ano que vamos lembrar para sempre como sendo o ano em que Natalie Portman extrapolou todos os limites como atriz, rompendo as barreiras da normalidade para interpretar Nina em “Cisne Negro”. Sua bailarina psicótica é um verdadeiro triunfo do bom cinema. Natalie interpreta com alma e vísceras, literalmente, mostrando que tem muito ainda para contribuir para a sétima arte. Não que Annete Benning já não tenha contribuído bastante, mas, poxa, por mais que sua médica lésbica seja forte, não chega aos pés de Nina, quando Natalie Portman, antes de sua personagem, alcançou a perfeição.


Mas não é só de barbadas que se faz o prêmio da academia. Também tem muitas disputas boas. Mas boas mesmo, como o prêmio de melhor ator. Colin Firth, com seu rei gago de “O Discurso do Rei” é o mais forte. Porém, Jeff Bridges está visceral em seu Rooster Cogburn de “Bravura Indômita”, western dos irmãos Coen. Ambos atores deveriam dividir a estatueta, pois merecem o prêmio. Correndo por fora nesta categoria temos James Franco por “127 horas”, de Danny Boyle, Javier Bardem de “Biutiful”, de Inarritú e um Jesse Eisenberg (que não merecia sequer a indicação) por “A Rede Social”. Mas este ano a coisa fica mesmo entre os dois primeiros.


 
Páreo duro também no prêmio de Atriz Coadjuvante, com duas atrizes do mesmo filme concorrendo nesta categoria e uma menina novinha também dando show. As duas atrizes são Melissa Leo, que vem papando todos os prêmios por onde passa e Amy Adams por “O Lutador”. Melissa Leo é a melhor das duas, sem sombra de dúvidas, mas a academia gosta de Amy Adams. O que pode ser uma surpresa é o prêmio acabar indo para Hailee Steinfeld de “Bravura Indômita”. A menina dá show com sua interpretação, mostrando que tem muita lenha para queimar.

Outro grande duelo se dará entre os filmes concorrendo ao prêmio de Melhor Filme. Tem pelo menos cinco concorrentes fortes, sendo dois muito fortes nesta categoria. “Bravura Indômita”, “127 horas” e “A Rede Social” correm por fora. Apesar de serem grandes filmes, quando comparados aos dois grandes concorrentes fica difícil pensar que eles têm alguma força.

Quem são estes dois? O drama “O Discurso do Rei”, um filme que fala sobre amizade e sobre um rei gago. Muito acima da média, o filme é meu preferido para o prêmio. Reúne humor, drama, atuações fortes de todos os atores, e não apenas de um, um roteiro brilhante, direção de qualidade e emoção a flor da pele. Você torce por George VI e vê seu drama se desenrolar com apreensão. A direção te faz entender qual a emoção por que ele está passando naquele momento. Um filme delicado, bonito e profundo.





Mas, apesar de toda minha torcida, este é o ano do “Cisne Negro” de Darren Aronofsky. Um dos filmes mais densos de todos os tempos, “Cisne Negro” leva Aronofsky ao hall dos grandes diretores. Sim, ele foi capaz de superar as próprias obras anteriores, como “Réquiem Para um Sonho” e “O Lutador” e fazer um filme único sobre o drama da perfeição. É até um pouco autobiográfico, quando pensamos que a própria busca do diretor é a perfeição e ele entendeu tão bem isso a ponto de passar para a tela. Um filme com excepcional fotografia, uma atuação única, incrível de Natalie Portman e roteiro denso. Para ver mais de uma vez.






Na outra categoria mais importante, a de melhor diretor, a coisa fica difícil. Tanto Aronofsky com seu “Cisne Negro” quanto Tom Hooper pelo “O Discurso do Rei” merecem o prêmio.

Mas é a direção que faz “Bravura Indômita” dos irmãos Coen e “A Rede Social” de David Fincher funcionarem tão bem. David O. Russel e seu “O Vencedor” correm por fora. Fincher faz um filme com o ritmo verborrágico do personagem principal, enquanto os irmãos Coen deixam no western uma marca indelével de qualidade. Apesar disso, é provável que os dois primeiros polarizem a disputa por este prêmio. E eu ainda aposto no Cisne de Aronofsky...

Minhas apostas estão na mesa. Posso estar certo, posso estar errado, torço pelo bom cinema, coisa que, neste ano, tivemos de sobra. Até o desenho animado que disputa o prêmio de melhor filme (Toy Story 3) é acima da média (se bem que tivemos “Up – Altas aventuras” ano passado, o melhor desenho animado de todos os tempos) e merecia o prêmio. Mas vai levar o de melhor animação, não só pela qualidade, mas em agradecimento à Pixar por tudo o que ela fez pelas animações nos últimos vinte anos.

Faça suas apostas! Quem ganhará o Oscar 2011? Esta noite nós saberemos de quem é o grande prêmio. Acompanhe via twitter na tag #FLOscar2011 a maior festa do cinema neste ano, com apresentação de Ingrid Heckler (@guide_heckler) e comentários meus (@joothiago). Não perca no www.fiqueligado.com.br!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Diário de Virgínia vira série de cadernos

A série "Diários de Virgínia", criação da quadrinista e ilustradora Catia Ana que eu já divulguei aqui agora é uma série linda de cadernos da livraria The Flaming Pie.





























As imagens são de Virgínia, Mike e Sabrina, personagens da série.

Se quiser adquirir, clique aqui!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sua majestade, o samba

É fato: Chico Limeira não sabe sambar. e por melhor que seja sua música, um sambista que não sabe sambar não é sambista, ainda mais se tocar baixo e se forçar uma falsa malandragem na voz. aí a coisa é pior.

mas isso, o atraso de sua banda em passar o som (sim, além de falso sambista, Chico Limeira é atrasado), as letras pobres e desconectadas à realidade do Rio de Janeiro (não é de se surpreender. um mauricinho paraibano não vai entender mesmo o que se passa na mente e no coração de um sambista carioca e, quando tenta, cai no clichê mulher-samba-cachaça) não atrapalharam sua majestade. quando Paulinho da Viola subiu no palco já eram nove e três e o Som das Seis (????) finalmente começou.

De sorriso fácil e notável prazer em tocar, Paulinho da Viola conduziu seus súditos como o príncipe regente, regendo a orquestra de cinco mil vozes que tomou o Ponto de Cem Réis nesta sexta-feira em João Pessoa.

uma hora e vinte, vinte e duas canções, um cavaquinho e um violão cuidadosamente desafinados pela tecnica, incomodando sua majestade e um povo emocionado, emocionando o príncipe, cantando junto, acompanhando o jeito tímido do Gênio. tudo sob a lua cheia que despontava no céu claro que parecia reverenciar sua alteza.

Abriu o show sozinho, sentou no banquinho, puxou do violão, sentiu o desafino mas não se intimidou. Passaria o show inteiro incomodado com o som que não o agradara. "Coração Vulgar" e "Coisas do mundo, minha nega" mostravam que o repertório viria recheado de sucessos, quase todos seus.



"Coração Leviano", "Onde a dor não tem razão", "Sinal Fechado", "Argumento", "Pecado Capital". Sucessos que o povo cantou junto, alto, sorrindo, como Paulinho. Em "Dança da Solidão" quase não se ouviu o mestre. "Foi um rio que passou em minha vida" teve repeteco imediato para saciar os súditos de sua alteza. O príncipe desceu para brincar e purgar a tragédia por que a Portela passou algumas semanas atrás.



Mais dois sambas homenagearam a azul e branco. "O ideal é competir" de Candeia e Casquinha, mais apropriada do que nunca para o momento da escola. O samba que diz ""O que se passou passou, seu destino é lutar e vencer" e a belíssima "Lenço", de Chico Santana e Monarco, pouco conhecida do público, mas acompanhada com atenção e carinho.



Cantei junto cada uma das canções do mestre. "Procedimento", "Sinceramente", "Vela no Breu", até as novas "Para um amor no Recife", cantada em João Pessoa, e "Talismã", linda, falando de fé.

Mas é em "Ainda Mais" que eu tive meu momento com o Príncipe. ninguém ali conhecia este samba lindo, parece que só eu. O silêncio tomou o Ponto de Cem Réis. Só eu cantava com Paulinho este samba. Ele notou.



Notou e cantou me olhando, dividindo aquela canção comigo, fazendo aquele sorriso que só Paulinho sabe fazer. Dando para mim a alegria de um momento íntimo com sua alteza. Como súdito tocado pela realeza, senti-me agraciado. No final, olhando para mim e acenando com a cabeça e a palheta, apontando para mim, em sinal de aprovação.

Dali para frente, o mar me navegava. Cantei o rio que passou por minha vida e me assumi portelense desde criança. Sua majestade, o samba, me tocou, e nada mais poderia me deixar mais feliz. O samba, o grande poder transformador, me transformou. Nunca mais serei o mesmo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Torre


Quando cheguei a João Pessoa, ainda no caminho da Rodoviária para a pensão onde estou morando, Thalyta apontou para aquela torre.
"Ali é a torre da Globo daqui."
Olhei para aquela agulha branca cravada na cidade, como um pino para marcar o local em um mapa de papel, pregada exatamente onde eu queria estar.
"Pois é ali que quero trabalhar, Thalyta".
Não desmerecendo nenhum outro grupo, mas eu sei o nível de qualidade exigido para o "Padrão Globo", e sei que ele acaba se estendendo a todas as outras empresas dos grupos onde ela está. Sempre soube que estar ali poderia me ensinar mais do que em qualquer outro lugar sobre as duas áreas que mais gosto do jornalismo: impresso e televisivo.
Passei um mês olhando para aquela torre ao longe. vendo-a como que marcando o lugar para mim. De casa eu a vejo, basta sair no quintal e olhar. Nada me deixaria mais feliz do que trabalhar ali.
Fiz alguns testes na cidade. Nunca havia feito tantos. Nunca fora tratado como jornalista com tanto respeito. Em todas emissoras, grupos, jornais, revistas e sites por onde passei, fui tratado como profissional, como eu sempre quis, como Santos nunca me tratou. Esta cidade sabe receber quem vem de fora, quem vem com sonhos. João Pessoa sabe abraçar quem quer fazer algo novo.
Mas nenhum teste deu certo. E eu tinha medo de ligar para o jornal impresso dali. Imaginei os critérios, os padrões exigidos, imaginei um grupo de jornalistas cheios de cismas e manias que não me deixariam entrar em seu espaço. Imaginei coisas demais.
Mas nenhuma das coisas que imaginei me prepararia para o que me esperava. Aquela agulha realmente marcava o lugar onde eu viria a trabalhar. Ao ligar para o jornal, fui convidado para uma entrevista, que virou teste, que virou convite para um freela de quinze dias, que virou uma efetivação.
Tudo isso passando pelos mais altos critérios de padronização e exigências técnicas como nunca vi.
Hoje estou olhando para aquela agulha branca cravada no solo de João Pessoa. Ela marca o lugar odne trabalho. E de todo o centro da cidade aquela torre é vista. Ela me deu as boas vindas à cidade. Eu já deveria saber que me receberia tão bem...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Linchamento

Ontem lincharam um homem aqui na frente de casa.

Ganhou repercussão nacional. Apareceu no Jornal Hoje e o escambau. Coisa grande mesmo, prá mostrar que, apesar de toda a tecnologia, o homem ainda é um troglodita preso dentro do corpo de um cavalheiro.

Eu não participei do ato. Fiquei sabendo tarde demais para sequer tentar intervir. Não me senti exatamente justo no momento que fiquei sabendo do caso.

O ocorrido é que o menino é suspeito de um assalto que havia acabado de ocorrer em frente à livraria aqui de frente para a minha casa. Além do assalto, um tapa na cara da moça que foi vítima. Pois dez ou doze homens foram correr atrás do menino, que apanhou como gente grande. Coisa de louco mesmo, bem muito o moído, como dizem aqui em João Pessoa.

A polícia chegou meia hora depois do linchamento ser informado. Omissão? Quem sou eu para julgar...

E é neste ponto que quero chegar. Quem somos nós para julgar?

Aqueles homens agiram como justiceiros quando bateram no menino. Aquele menino agiu errado, sem dúvida. Roubou e tem que cumprir a pena apropriada para o roubo. Agiu com violência, humilhando a mulher, e tem que pagar por isso.

Mas agir de forma violenta com ele é mostrar que o jeito dele está certo. Que é assim mesmo que a vida acontece. Que é na base do olho por olho que se resolve as coisas. Que a mesma violencia que ele impetra contra a sociedade, a sociedade impetrará contra ele de volta.

Não somos selvagens. Nem mais os "Bons selvagens" de Rousseau. Não. Somos homens civilizados. Somos a grande criação de Deus, somos a estrela brilhante da criação.

E é isso que fazemos? Linchamos? Batemos, Agimos com violência?

Nossa sociedade se sente acoitada pelos bandidos. Age com violência por que acha que é o único caminho. Infelizmente, a sociedade civil é a ponta mais fraca do cabo de guerra que luta contra a violência.

Um menino que trabalha na livraria provavelmente perderá o emprego. Apareceu em rede nacional dando um senhor chute na cara do bandido. Difícil distinguir quem é o bandido em um caso desses.

Meu tom lacônico neste texto não é a toa. Estou realmente desanimado com o ser humano. Esperava mais que a reação animalesca, ainda mais vindo de um povo tão alegre e receptivo quanto o pessoense.

Não posso dizer que estas pessoas sejam pessoenses. Não. São vítimas de uma lobotomização pela qual tem passado a sociedade civil,  presa por grades, câmeras, cercas elétricas e seguranças fardados (como o que também foi filmado batendo no rapaz ontem).

Não merecemos ser assim, presos. Mas, também, não merecemos, sem dúvida, ser perpetradores de um ato vil como o que virou notícia nacional no Jornal Hoje.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cisne Negro - Crítica



Tudo bem, agora tentarei escrever a crítica que não escrevi antes porque não tinha condições.

E por ser no meu Blog, posso escrever de forma bastante pessoal e íntima.

Primeiro, Darren Aronofsky é o diretor mais corajoso da atualidade. Ele trata assuntos pesados com ainda mais densidade. A questão das drogas em "Requiém de um Sonho", a luta pessoal em "O Lutador"...

A loucura em "Cisne Negro".

E, mais do que a loucura, a repressão da mesma como sendo a própria loucura.

Nina busca a perfeição. Bailarina de 28 anos, está no final da carreira e sabe que, se não executar o Lago dos Cisnes com perfeição será esquecida para sempre, sempre ficando à margem do estrelato.

Mas Nina é perfeita na execução. Porém, tensa, triste, não consegue fazer aquilo que faz a perfeição fazer sentido: Nina não transcende em sua execução, prendendo-se à forma, e não ao conteúdo.

Assim é ela em tudo. Presa à forma, como um cisne, restrita ao lago tranquilo, a inocência profunda,reprimindo toda e qualquer superfície de mal que possa haver em si mesma, lançando qualquer emoção que esteja fora do seu controle natural. Nina quer algo que não está pronta para alcançar por não estar disposta a se entregar.

O porque desta não entrega? A suerproteçãoda mãe, que a trata, aos 28 anos, como a uma menina de 12, penteando seu cabelo, cercando-a de cuidados e atenção, criando para Nina um mundo de sonho, uma redoma de perfeição, uma cúpula para protege-la do mundo.

Mas há um preço alto a se pagar por isso. Nina, reprimindo suas emoções, guardando dentro de si o monstro que não pode sair destilado, aos poucos, permite que ele cresça dentro dela e tome a forma do Cisne Negro, carregado de sensualidade e violência, pronto a devorar o Cisne Branco, tão inocente e puro. Quando o lado negro de Nina aflora, o faz com a violência dos grandes predadores, destruindo todo sinal de vida que possa haver em seu caminho,permitindo que sua própria forma reine absoluta, como demonstra tão lindamente a cena final da dança.

O filme é Natalie Portman, interpretando além de seus limites. Aronofsky consegue tirar de seus atores interpretações fortíssimas. Até Jared Leto ele transformou em um ator de verdade em Requiém de um Sonho. Com Natalie, uma atriz de talento indiscutível, não seria diferente.

Atente para o ato final. A dança, a loucura crescente de Nina, o afloramento do Cisne Negro, arrebatando, de vez, a consciência da bailarina. Aronofski queria a perfeição? Queria discutir o papel de sua própria arte? A sua contínua busca por perfeição? Conseguiu transformar esta discussão metalinguística em um filme profundo, visceral e orgânico. OCisne Negro de Aronofsky nunca se escondeu, mas, diferente do que acontece com Nina, sempre esteve sob o controle da consciência do diretor, que o deixa voar livre, reinando sobre o lago perturbado de sua consciência.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cisne Negro

Só um comentário sobre o novo do Aronofski, pois não estou em condições de escrever uma crítica sobre este filme.

EU CORTO MEU SACO SE NATALIE PORTMAN NÃO GANHAR O OSCAR DE MELHOR ATRIZ.

Pronto, voltamos a programação normal...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A lágrima clara sobre a pele escura




Cantando eu mando a tristeza embora. Quem decide, no fim, o que carrega no coração? Nós ou o mundo que diz o que vamos trazer em nós? Escolhemos nossos caminhos e nossas escolhas nos formam, nos transfiguram, nos transubstanciam em algo novo sempre.

E aí você escolhe o que quer senhoreando seu coração. A tristeza ainda é senhora? Sim, desde que o samba é samba é assim... Porém, não é hora de quebrar isso? Usar o próprio samba, cantando, mandar a tristeza embora, mudar, transformar o filho da dor em pai do prazer.

Cante, sorria, alegre-se! chegou o quando agora em você! Cantando, mande a tristeza embora!

Use o samba, ou o que quer que seja sua tristeza para te alegrar. Transforme-a, use o grande poder transformador da alma humana. Somos dotados desta capacidade. A transfiguração de nossas almas é reflexo da eterna necessidade de adaptabilidade do homem. Precisamos nos aconchegar ao mundo.

Deus não fez um mundo fácil para vivermos. POrém, alguma coisa acontece no quando agora em mim. Cantando eu mando a tristeza embora!