quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Linchamento

Ontem lincharam um homem aqui na frente de casa.

Ganhou repercussão nacional. Apareceu no Jornal Hoje e o escambau. Coisa grande mesmo, prá mostrar que, apesar de toda a tecnologia, o homem ainda é um troglodita preso dentro do corpo de um cavalheiro.

Eu não participei do ato. Fiquei sabendo tarde demais para sequer tentar intervir. Não me senti exatamente justo no momento que fiquei sabendo do caso.

O ocorrido é que o menino é suspeito de um assalto que havia acabado de ocorrer em frente à livraria aqui de frente para a minha casa. Além do assalto, um tapa na cara da moça que foi vítima. Pois dez ou doze homens foram correr atrás do menino, que apanhou como gente grande. Coisa de louco mesmo, bem muito o moído, como dizem aqui em João Pessoa.

A polícia chegou meia hora depois do linchamento ser informado. Omissão? Quem sou eu para julgar...

E é neste ponto que quero chegar. Quem somos nós para julgar?

Aqueles homens agiram como justiceiros quando bateram no menino. Aquele menino agiu errado, sem dúvida. Roubou e tem que cumprir a pena apropriada para o roubo. Agiu com violência, humilhando a mulher, e tem que pagar por isso.

Mas agir de forma violenta com ele é mostrar que o jeito dele está certo. Que é assim mesmo que a vida acontece. Que é na base do olho por olho que se resolve as coisas. Que a mesma violencia que ele impetra contra a sociedade, a sociedade impetrará contra ele de volta.

Não somos selvagens. Nem mais os "Bons selvagens" de Rousseau. Não. Somos homens civilizados. Somos a grande criação de Deus, somos a estrela brilhante da criação.

E é isso que fazemos? Linchamos? Batemos, Agimos com violência?

Nossa sociedade se sente acoitada pelos bandidos. Age com violência por que acha que é o único caminho. Infelizmente, a sociedade civil é a ponta mais fraca do cabo de guerra que luta contra a violência.

Um menino que trabalha na livraria provavelmente perderá o emprego. Apareceu em rede nacional dando um senhor chute na cara do bandido. Difícil distinguir quem é o bandido em um caso desses.

Meu tom lacônico neste texto não é a toa. Estou realmente desanimado com o ser humano. Esperava mais que a reação animalesca, ainda mais vindo de um povo tão alegre e receptivo quanto o pessoense.

Não posso dizer que estas pessoas sejam pessoenses. Não. São vítimas de uma lobotomização pela qual tem passado a sociedade civil,  presa por grades, câmeras, cercas elétricas e seguranças fardados (como o que também foi filmado batendo no rapaz ontem).

Não merecemos ser assim, presos. Mas, também, não merecemos, sem dúvida, ser perpetradores de um ato vil como o que virou notícia nacional no Jornal Hoje.

2 comentários:

  1. Concordo que bater no menino é agir igual _ou pior, não sei. Mas se ver uma briga, não se meta. Já fiz isso e apanhei sem ter nada a ver com o pato. Junte uma galera e aí sim separe. Sozinho, nem sendo bem louco!



    P.S.: sudoku é legal. Você que não sabe brincar! hahahaha

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  2. Absurdo o que aconteceu, acompanhei pela TV.

    Não somos nem grandes nem pequenos, não somos melhores ou piores, não somos benignos ou malignos, não somos bons ou maus, mas podemos assumir uma dessas facetas quando agimos na busca dos interesses próprios, quando não levamos em conta as conseqüências de nossas ações.
    Abraços, e...
    Um mundo melhor para nós...
    Luciana

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