segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cisne Negro - Crítica



Tudo bem, agora tentarei escrever a crítica que não escrevi antes porque não tinha condições.

E por ser no meu Blog, posso escrever de forma bastante pessoal e íntima.

Primeiro, Darren Aronofsky é o diretor mais corajoso da atualidade. Ele trata assuntos pesados com ainda mais densidade. A questão das drogas em "Requiém de um Sonho", a luta pessoal em "O Lutador"...

A loucura em "Cisne Negro".

E, mais do que a loucura, a repressão da mesma como sendo a própria loucura.

Nina busca a perfeição. Bailarina de 28 anos, está no final da carreira e sabe que, se não executar o Lago dos Cisnes com perfeição será esquecida para sempre, sempre ficando à margem do estrelato.

Mas Nina é perfeita na execução. Porém, tensa, triste, não consegue fazer aquilo que faz a perfeição fazer sentido: Nina não transcende em sua execução, prendendo-se à forma, e não ao conteúdo.

Assim é ela em tudo. Presa à forma, como um cisne, restrita ao lago tranquilo, a inocência profunda,reprimindo toda e qualquer superfície de mal que possa haver em si mesma, lançando qualquer emoção que esteja fora do seu controle natural. Nina quer algo que não está pronta para alcançar por não estar disposta a se entregar.

O porque desta não entrega? A suerproteçãoda mãe, que a trata, aos 28 anos, como a uma menina de 12, penteando seu cabelo, cercando-a de cuidados e atenção, criando para Nina um mundo de sonho, uma redoma de perfeição, uma cúpula para protege-la do mundo.

Mas há um preço alto a se pagar por isso. Nina, reprimindo suas emoções, guardando dentro de si o monstro que não pode sair destilado, aos poucos, permite que ele cresça dentro dela e tome a forma do Cisne Negro, carregado de sensualidade e violência, pronto a devorar o Cisne Branco, tão inocente e puro. Quando o lado negro de Nina aflora, o faz com a violência dos grandes predadores, destruindo todo sinal de vida que possa haver em seu caminho,permitindo que sua própria forma reine absoluta, como demonstra tão lindamente a cena final da dança.

O filme é Natalie Portman, interpretando além de seus limites. Aronofsky consegue tirar de seus atores interpretações fortíssimas. Até Jared Leto ele transformou em um ator de verdade em Requiém de um Sonho. Com Natalie, uma atriz de talento indiscutível, não seria diferente.

Atente para o ato final. A dança, a loucura crescente de Nina, o afloramento do Cisne Negro, arrebatando, de vez, a consciência da bailarina. Aronofski queria a perfeição? Queria discutir o papel de sua própria arte? A sua contínua busca por perfeição? Conseguiu transformar esta discussão metalinguística em um filme profundo, visceral e orgânico. OCisne Negro de Aronofsky nunca se escondeu, mas, diferente do que acontece com Nina, sempre esteve sob o controle da consciência do diretor, que o deixa voar livre, reinando sobre o lago perturbado de sua consciência.

2 comentários:

  1. Nem vou ler agora...


    P.S. tire essa chatice de "verificação de palavras" na hora de comentar, Thi! Deixar isso pra quê?

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  2. Concordo em gênero,número e grau.
    E não tem como não se identificar com Nina.

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