quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Lulu, o feminismo mais machista que a internet pode proporcionar


As mulheres não estão querendo criar um espaço seu na sociedade. Estão querendo, sim, ocupar o espaço que é do homem.

Lembro da música de Joan Jett: "I wanna be where the boys are".

Mulheres deveriam querer estar onde devem estar, lutando por um espaço seu, marcado por suas características.

Lulu é a masculinização do feminino. É o princípio idiota do Femen, que põe peitos para fora para dizer que o homem não tem direito sobre o corpo da mulher. É a idiotização da gentileza, que determina que, ao abrir uma porta, puxar uma cadeira, ou ser gentil com uma mulher, o homem está alimentando um comportamento machista.

Este femimiminismo é diferente da luta honesta da mulher contra o homem opressor. Ao invés de reificar (transformar em objeto) o homem, a mulher deveria lutar para deixar de ser um.

O machismo é tão incutido nas mentes das mulheres que elas não enxergam quando estão lançando mão dele.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Lucy Alves, Parahyba

Lucy é uma xilogravura de sons curtidos em couro e madeira. É gosto de rubacão, queijo coalho, suco de graviola e jambo colhido nas ruas de João Pessoa.

Lucy é a bila amarela descendo na Barragem de São Félix em por do sol verdadeiro, e não plastificado ao som de um bolero qualquer.

Lucy é boneca de pano xaxando com sanfona em punho. É bemquerência no arroxo do forró.

Cada vez que toca esta sanfona me sobe um arrepio. Lucy é poesia com sorriso leve de quem não NEGA quem é.




Não consegui encontrar o vídeo novo, (dá para ver aqui, ó), mas a interpretação dela para "Qui nem Jiló", que está aí em cima, é de arrepiar. Um primeiro verso que faz toda a diferença, com um "gente" falado de entre os dentes. A coisa mais linda.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Papel social

A criança na Somália
Eu usava a história da foto de Kevin Carter quando dava aulas e palestras e falava sobre responsabilidade social e ética profissional. Quando perguntam até que ponto um fotógrafo tem que ir para cumprir seu trabalho e quando este limite é extrapolado e ele precisa se responsabilizar enquanto ser humano por outra vida que está correndo risco diante dele.

Kevin Carter cobriu as guerras étnicas que preconizaram o fim do Apartheid na África do Sul no início dos anos noventa. Ele e outros três fotógrafos de agências internacionais eram conhecidos como "Clube do Bang-bang" pois estavam sempre testemunhando mortes e conflitos e suas armas eram as câmeras.

Nestes conflitos, um dos colegas de Kevin foi alvejado. O que os outros três fizeram? Fotografaram o corpo do fotógrafo sendo carregado para a ambulância.

A criança vietnamita
A vida do menino pode ter se perdido, desconheço seu destino, e uma vida é uma vida, mas foi a foto de Kevin Carter o primeiro passo para que o mundo efetivamente olhasse para a fome no norte da África. Assim como a imagem da menina queimada de napalm foi um dos momentos mais marcantes da guerra do Vietnam.

Sem as imagens não teria sido possível repensar os fatos que elas relatam. Segundo um outro fotógrafo que estava no local, a fotografia teria sido um clique imediato, e Kevin expulsou o urubu assim que a imagem foi feita, levando o menino para um local seguro, onde foi alimentado.

O papel do fotógrafo é, antes de tudo, registrar a história para poder transforma-la. Mas é preciso ser cínico demais para ser indiferente à dor alheia. O sofrimento de Carter, que se matou em decorrência de problemas financeiros e por não conseguir conviver com a lembrança da dor que testemunhou, advém desta questão.