quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Amorério




Minha alma vestida em verdadeiro trauma
Cada ponto que eu traço é um beijo jogado em vão
Cada vôo mais alto, mais duro é provar o chão
Meu amor de viver é tão grande
É um desafio a toda a minha calma
Meu amor é grande, bem maior que eu
Amar, eu preciso amar tudo
Amar o que eu penso e o que não penso
E quem sabe até deixa sobrar amor pra mim também
Tanto amor disparado a todo instante
Quem bem sabe o bem de minh'arma se expões e ainda mostra o peito
E quem usa o arsenal de minh'alma por mim tem o maior respeito
Tanto amor amado à toa é minha Hiroshima sem saber aonde explodir
Explode em meu peito e os cacos de mim, se atirados ao Ponto Cem Réis
Que sejam restos de feira ou dados de Ibope no chão
Mas serão amor-primeira-página
Meu amor, se exposto em out-door gigante
Fatalmente será confundido com slogan de refrigerante
Se falado no rádio parece poema de poeta louco
Meu amor, se visto em filme, só será aplaudido na
morte do bandido
Se for bem sangrenta e arrancar do cinema
Aplausos e risos de quem consegue
Ter ódio nas veias e sangue na boca
E ninguém vai ver meu filme de amor
Amar demais até parece mal
Mas nenhum outro mal me faz tão bem!!!

Em algum lugar do mundo, neste exato momento, alguém está amando e sendo amado. Talvez não seja você. Ou talvez seja, não sei.
Mas você já amou e foi amada, ou amado. Ou acha que foi isso que te aconteceu com aquela pessoa que você considera especial até hoje. Você acha que aquilo que foi crescendo dentro do seu coração era amor, mas quando se decepcionou, achou que não, que não era amor, que pessoas que nos amam nunca vão nos decepcionar.
Engana-se.
As pessoas que nos amam são as que mais nos decepcionam. São as que mais machucamos e com quem mais dividimos desesperanças e desilusões.
O cinema te fez acreditar que amor "para sempre" é só aquele amor intransponível, de peito cheio e aberto para o mundo à sua frente. Amor que encara tudo sem se encolher, entra por todos os caminhos sem se desencontrar. Enfrenta todas as lutas sem perder.
O amor é um sentimento que vem de Deus, mas é executado por humanos e, por isso, é um sentimento tão falho quanto nós.
Amor sente frio, fome e medo.
Amor é incerto, seco e vazio.
Amor se deprime.
Mas ama. E continua amando, mesmo com tudo isso acontecendo à sua volta. Um amor de verdade ama demais, sem se perguntar se parece mal, pois sabe o quanto faz bem. Faz tão bem.
Só ama de verdade quem ama o imperfeito e quem se deixa explodir como uma Hiroshima pessoal, espalhando seu amor por onde for.
Amar é um desafio a toda calma, pois não existe amor em paz. Amor só o é em guerra, quando enfrenta a luta e ergue a cabeça dizendo "eu posso sair machucado, mas eu vou sair disso".
Não é amor quando você se rende, vira as costas e segue a vida, longe daquela pessoa, mesmo que você pense nela mais do que em todo o resto. Não. Não é amor se você não lutou.
O amor tem ódio nas veias e sangue na boca. O amor é a humanidade que Deus colocou em nós, e ele quer viver. Ele precisa viver. Não de forma narcísica, não. O amor não quer viver para ser admirado. Ele quer viver para que nossa humanidade, nossa parte mais divina, possa aflorar em nós.
E quem sabe aí sobre até um pouco de amor prá mim também.

Um comentário: