O que nós usávamos como referência de tempo no passado?
Quando eu era criança a ansiedade pelo natal era grande. Não só pelos brinquedos, mas pelas luzes, as ruas, os sorrisos nos rostos das pessoas, os gostos e sabores que só o natal tem. Manjar branco, pernil, tender...
Todo o ano, para mim, se consolidava no natal, na época mágica que fazia as pessoas se aproximarem, se tornarem generosas.
Mas este sentimento só começava lá para o final de novembro. Era um mês de verdadeira festa para mim.
Agora, passando em uma loja do shopping aqui em Santos, vejo as primeiras guirlandas sendo colocadas, a neve artificial sendo jogada sobre as roupas, os enfeites vermelhos e verdes se espalhando, as luzinhas piscando.
E o dia das crianças ainda nem passou!
Para onde diabos foram os referenciais de tempo que tínhamos em nossos dias? Onde está aquele espírito natalino que nos tomava? Virou comércio, eu sei.
Ninguém lembra que aniversário nós comemoramos neste dia, não é verdade?
O tempo passa mais rápido, os dias se abreviam cada vez mais, a tecnologia nos cerca com sua velocidade que nos prende em um processo de interdependência. I-phones, computadores, músicas. Até eu tenho me rendido ao MP-4 e tenho ouvido música dentro do ônibus, ficando absorto em meu próprio mundo, parando de interagir.
Tempo... Será que não sentimos falta dele? Será que, sendo convidados a consumir, esquecemos que somos mais afeitos a amar? E o amor tem um ritmo lento, não apressado, não violento, mas lento e contínuo, como um trem que avança, deixando seu rastro de fumaça no caminho, e não como um concorde que rasga os céus e chega logo ao seu destino. O amor não chega ao seu destino, comprar é um destino, amar é um caminho.
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