terça-feira, 18 de setembro de 2012

Amor e ódio




"Como a gente pode amar e odiar uma mesma pessoa?", pergunta-me uma amiga. Uma pergunta que surge de um lugar que nem imagino, mas busco a resposta em mim e na minha própria vida.

O ódio é uma faceta oculta do amor. Não queremos admitir jamais que o sentimos, pois falar sobre isso é dizer que somos seres humanos inferiores. No lindo mundo da imaginação do Facebook, onde todos são cores do arco-ir
is e a felicidade até que existe, onde todos amam cachorrinhos e postam fotos com suas famílias felizes e escondem os problemas de seus relacionamentos atrás de instantâneos de sorrisos que, na verdade, nada mais são do que hipocrisia, o ódio não tem lugar. Abrimos mão de demonstrar nossa humanidade em troca de ser aceitos por todos à nossa volta.

Mas nós odiamos. E odiamos muito. Especialmente quando somos feridos pelas pessoas.

E as feridas que nos afligem são sempre surpresas. Somos feridos por aqueles que amamos, aqueles de quem esperamos carinho, amor, afeto, atenção, amizade, respeito, aqueles que nos despertam admiração, orgulho, aqueles que nos trazem felicidade. Aqueles de quem não esperamos nada, quando algo ruim vem, não nos surpreendem. Ferem, mas a gente se levanta e segue.

O ódio vem do amor que sentíamos por alguém que nos fere. Sentimos que depositamos nossos sentimentos em algo que não vale a pena. É como colocar dinheiro em um banco e este banco nos passar a perna, deixando-nos com uma baita dívida ao invés dos dividendos.

Muitas vezes a gente espera das pessoas que cercam a gente um pouco mais do que elas podem nos oferecer. Esperamos que elas sejam conosco o mesmo que somos com elas, e este é o erro. Se amar é um sentimento incondicional, como podemos pensar em exigir de volta o mesmo amor que oferecemos?

Não existe amor perfeito. Se pensássemos que o amor é uma pessoa, ela teria que atender a todas as expectativas de todas as pessoas de todas as formas mais diferentes e imagináveis, e não é assim que acontece. Às vezes a gente se decepciona.

E um dos motivos desta decepção é que depositamos nossas expectativas sobre os ombros de pessoas como nós. Pessoas imperfeitas. Pessoas que, sentem o amor à sua maneira, sob seu ponto de vista, levando em consideração seu próprio background. E muitas vezes, quando a gente ama, a gente prefere fingir que nada disso existe, e aí está um grande erro.

As decepções geram o ódio, que pode ser amainado se a gente permitir. Ódio é como fogo, só cresce se tiver oxigênio. Se você o apagar ele não volta a te incomodar. Não estou dizendo que isto é fácil, mas que este é o caminho, e, como diz um velho ditado, o remédio amargo é o que cura.

Amar e odiar a mesma pessoa só acontece porque a gente espera muito dos outros graças às expectativas que o mundo joga sobre nossas próprias costas. A ansiedade é a doença do século XXI. Queremos tudo rápido, e não é assim que as coisas funcionam no mundo real. A vida real é diferente, e os sentimentos não são tão objetivos quanto os status de relacionamento do Facebook.

Odiar? Normal, apesar de não admitido. Prosseguir odiando? Aí só depende de você.

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