segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Poeira de estrelas

Supernova ocorrida há 130  milhões de anos e só vista
agora por nossos olhos. É como olhar para  o passado
e enxergar a própria história do universo acontecendo
ao nosso redor
Somos  todos poeira de estrelas. Acho que Carl Sagan disse isso, e eu tenho que concordar.

No horizonte do nascimento do Universo existe a explosão original, o Big Bang (Deus?) expandindo para todos os lados a matéria da qual seríamos feitos. Carbono, oxigênio, hidrogênio, tudo criado naquele momento inicial e trazido até nós, segundo a máxima de que nada se cria, tudo se transforma.

Temos mais de 140 bilhões de anos de existência. Temos no nascimento do universo nossa gênese absoluta. Somos a cria daquela poeira que espalhou-se pelos quatro cantos, expandindo-se, expandindo-se até criar o que chamamos de "vida" e que, nem de longe, é o mais fantástico acontecimento deste universo.

A vida não é nada mais que um processo químico, reações e mais reações à própria história da matéria. Uma reação tão sem importância que dura menos de um século, segundo nossa contagem.

Não temos a profundidade existencial de uma supernova, o ocaso de uma estrela, que, gigante, não suportando o próprio peso, despedaça-se em uma explosão de energia e matéria, levando consigo a galáxia à sua volta. A destruição de planetas, asteroides e (porque não?) vida é algo  muito mais fantástico do que a vida em si.

No entanto, de nada adianta um espetáculo como a morte de uma estrela sem que hajam olhos que possam aprecia-lo, e é aí que a vida faz diferença: dando sentido aos espetáculos do universo que, por mais  belos que sejam, tornam-se, após acontecerem, na mesma matéria da qual é feita a vida: poeira de estrelas.

É disso que se constitui a beleza da vida. De enxergar o espetáculo que acontece à nossa volta. Seremos transformados em poeira novamente, do pó ao pó, mas  levaremos conosco aquilo que vimos e que nos maravilhou.

A vida não tem nada de especial per se. Ela se faz especial quando nos tornamos interlocutores da existência alheia, e não alheios à existência do universo que nos cerca.

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