sexta-feira, 17 de dezembro de 2010


Como entender? Para pessoas céticas e racionais é difícil. Mesmo para os emocionais não é brincadeira de criança. Mesmo para os que acreditam é difícil permanecer crendo.

Quando vemos o mais difícil acontecer, então, pior.

A morte de alguém que amamos.

A perda da inocência.

Fatos que fogem ao nosso entendimento.

Então, perguntamos...

"Porque você deixou que isso acontecesse?"

Uma amiga me perguntou isso. Não tenho resposta. Porque aconteceu? Porque as teias da aleatoriedade da vida se tecem assim, aleatoriamente. Porque as coisas fogem do nosso entendimento, porque acaso, destino ou seja lá o nome que se dá para isso resolve acontecer justamente com a gente.

Para provar nossa fé? Para fortalecer? Para derrubar de vez?

Minha amiga, cética, ficou ainda mais distante "desse cara", como ela chama Deus. Não posso condena-la por esta decisão simplesmente porque eu sou tomado pelas mesmas perguntas que ela. Os mesmos questionamentos. As mesmas dúvidas.

Como eu sempre disse, minha fé, diferente da maioria das pessoas, se move no terreno das dúvidas e não das certezas. Quanto mais duvido, mais questiono. Quanto mais questiono, mais racionalizo aquilo em que acredito. Diferente da maior parte das pessoas, não estou buscando respostas, mas sempre as perguntas certas para fazer.

Afinal, quando clamamos para o céu cinzento, quem garante que existe um par de ouvidos atentos do outro lado, esperando por nossa voz? Havendo certeza, acaba a necessidade da fé. Havendo respostas, acaba a necessidade por perguntas.

Como diria Nietsche, "Eu só acreditaria em um Deus que soubesse dançar", e o meu dança uma dança difícil, sem passos marcados, movido pelo improviso e pelos caminhos e descaminhos que nossas vidas dão.

Só me faz lembrar de uma passagem que está em Eclesiastes e que lembro de Brennan Manning citando. "Chove sobre justos e injustos".

3 comentários:

  1. Lu, obrigado pelo comentário. Como é bastante pessoal, Vou guardar para mim mesmo! Espero te ver mais vezes por aqui. Até mais!

    JT.

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  2. Não fiquei distante, só não acredito mais. Esses dias, pela primeira vez, me identifiquei como agnóstica. Daqui a pouco pulo para a outra fase.

    Não entendo como pessoas que procuram somente perguntas certas a fazer, nada de respostas, pode ter tanta certeza. Desculpa, Thi, mas acho que se realmente fosse imenso, não geraria tanta dúvida. Não deixaria o buraco que costuma deixar, repleto de dúvidas e questionamentos. Cadê esse fulano que é tão grande, tão generoso, tão bacana?

    E se tivéssemos certeza, seria diferente. As pessoas - talvez - seriam melhores, afinal tem um ser supremo lá em cima que observa cada um de nós, certo? Não é o que pregam por aí? Fé se tem naquilo de concreto, naquilo que sabemos ser possível. E não por ter certeza de que certas coisas são reais que perdemos a fé.

    Já vi muita gente morrendo dentro do hospital, com uma fé inabalável. Uma menina, Larissa de 19 anos na época, intubada pediu o terço que estava ao lado da cama. E aí? O que adianta? A Carina outro exemplo vivo de uma fé incontestável. De quê adiantou?

    É por isso, Thi. Só por tudo isso.

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  3. Pois por este mesmo motivo, pela fé inabalável, mesmo diante da adversidade, que consigo ve-Lo e acreditar.
    A fé não se baseia em entendimento humano, Jana. Ela extrapola a natureza de nossos pensamentos e se crava em um ponto dentro de nós onde explicações se fazem desnecessárias.

    A certeza de um Deus não faria o homem ser melhor, mas faria o homem ter mais medo. Então, as motivações para amar este Deus não seriam as certas.

    Deus não vê as ações certinhas de cada um de nós, mas o que acontece dentro de nossos corações. Ele criou o homem para que O amasse, sabendo ou não de Sua existência.

    Quanto ao sofrimento, infelizmente, por mais difícil que seja, a vida é aleatória, chove sobre justos e injustos. Problemas existem para todos. Olhar a fé inabalável destas pessoas a beira da morte só me dá uma certeza, e é a de que, mesmo no momento mais difícil da vida, que é a morte, Ele está ali, para consolar e mostrar o caminho. Para alguém cético como você isso não funciona, é apenas uma ilusão, uma piada que colocamos em nossas mentes para nos consolar da solidão da incerteza.

    Porém, para quem crê, na hora do sofrimento, acredite, não há outra mão que você queira no seu ombro. Seja para vencer, seja para perder.

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