sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Perda



Perdi recentemente uma amiga querida para o câncer. Deus a levou consigo e ela está lá, guardada ao lado do Pai, onde não tem mais dor nem sofrimento.

Nem todas as pessoas acreditam nisso, mas eu prefiro crer que ela está com Deus. Uma pessoa com um coração sem tamanho, dedicado a ser Jesus na terra não pode ter outro destino. Generosa, sorridente, alegre e bela, a menininha que Deus levou vai fazer festa no céu.

Temos as mais diversas reações diante da doença e da morte de pessoas queridas. Desde o desespero à apatia, cada um de nós vê a perda de uma forma. Uma forma que vai definir quem nós somos.
Pois é na perda, quando somos desnudados da tranquilidade de nossas zonas de conforto, que nossos caráteres são forjados. É na dor que descobrimos quem somos.

Minhas emoções são contidas quando se trata de dor e perda. Perdi poucas pessoas nessa vida, devo admitir. Meu avô se foi quando eu era criança, minha avó, quando se foi, devemos admitir friamente, foi como um fardo que se retira das costas. Ficaram poucas saudades para mim.

Some a isso o fato de eu ser desapegado de valores familiares, não ter um chão que eu chame de meu, um lugar para chamar de lar. Meu lar é onde estão meus sapatos, e minha dificuldade de lidar com a perda colabora com essa visão quase ausente diante da perda.

Não sou forte, como muitos creem, sou frio, o que não é muito bom, devo admitir, para um cristão.

Perder alguém pode nos mostrar muitas coisas e perder esta pessoa me mostrou algumas. Mostrou que eu preciso dar valor às pessoas que amo, que preciso abraçar mais, dizer mais que amo e estar mais presente na vida dos que me cercam.

Me mostrou que minha família é algo que eu não terei de novo se perder. Quando meus pais morrerem quero poder chorar, sentir falta, sentir saudades. Mais do que qualquer coisa. Nós precisamos dos laços que nos cercam. Nenhum homem é uma ilha, já dizia John Donne, citado aqui mesmo no Blog. Quero que os sinos dentro de mim dobrem muito quando estas pessoas se forem, pois as amo e o buraco que vai ficar será muito grande.


3 comentários:

  1. Deus levou? Que tipo de Deus é esse, então? Dizem que só Deus pode fazer um milagre. Ok! Por que raio não faz? O milagre dele é levar uma menina de 17 anos embora?

    Ando muito descrente e acho que esse camarada nem existe. E se existe tem um coração muito do peludo, porque pelamor!!

    Pra acreditar que Deus levou a Carina embora, de tanta gente que a ama, eu prefiro acreditar que ele nunca nem existiu.


    E se a Cá te mostrou isso, do valor verdadeiro da vida, deveria tornar-se menos frio, Poetinha.

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  2. Tento me responder esta pergunta, Jana. Porque Ele toma as decisões que toma? Porque permite o sofrimento?Porque permite a dor? Ainda mais a dor causada por algo que foge ao nosso controle.

    Infelizmente não tenho esta resposta. Não sei o que dizer. Calo-me diante da imensidão que Ele deixa. Isso é fé, e ainda que você não acredite, é algo em que prefiro me apegar.

    (Vou fazer um post sobre isso ainda hoje)

    Quanto a frieza, um dia ela some, Capitu... um dia...

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