domingo, 19 de setembro de 2010

Cais II


Nascer do sol em Paraty


A vontade de partir tem sido imperativa. Mudar de ares, mudar de mares. O casco, coberto de limo, precisa encarar o mar, sentir as ondas. As velas, murchas há tanto tempo, precisam sentir o vento as inflando novamente, sentir o gosto salgado do mar.

Porém, desta vez, não se trata de uma condição mental, uma viagem interior, prescrutando a mim mesmo, buscando conhecer minha alma.

Ao contrário, desta vez a inquietação é exterior, a necessidade de ir-se é material, física, presencial. Preciso viajar mesmo, sair do lugar em que estou e ir para outro lugar, onde ainda não sei.

Tenho sentido saudades de lugares onde não estive. Caconde, A litorina do trem clássico paranaense, Gramado. Tenho sentido o frio do Rio Grande do Sul e o calor do Rio Grande do Norte. Tenho sentido o charco pantaneiro e ouvido os rugidos da onça amazonense. Quero o Brasil, mas não para dentro de mim, e sim à minha volta.

Preciso de um horizonte novo para ver, um nascer de sol diferente, um pôr de sol inusitado.

Prescinde de companhia. A solidão, às vezes, é boa companheira. Preciso viajar, e não por pouco tempo, mas sim por longa jornada. Preciso sair daqui, desta ilha que prende, desta serra que impede de crescer. A cidade não cresce mais, portanto não crescem as oportunidades, não abrem-se as portas, não surgem ocasiões para vencer.

E tudo está relacionado ao lugar em que estamos, não é? Em que lugar que você está de onde gostaria de sair? Em que pontos a sua vida está estagnada? Não é hora de tirar a poeira da mochila, coloca-la nas costas e seguir viagem?

Eu seguirei a minha.

E quem quiser saber prá onde eu vou, prá onde tenha sol, é prá lá que eu vou (Antonio Julio Nastácia)

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