quinta-feira, 31 de março de 2011

Jornalismo diário

Todo dia um novo desafio.

Seja a falta de médicos em uma Unidade de Socorro da Família, seja a situação da segurança nas imediações de Manaíra ou um binário em Bayeux. Todo dia uma nova pauta, uma nova matéria, uma nova razão para se indignar com o mundo que nos cerca.
Sim, indignação. Indignação diante do tratamento dado aos pacientes renais que, três vezes por semana, precisam passar 4 horas ligados a uma máquina que filtra seu sangue. Indignação contra os traficantes de animais que prendem passarinhos que não vão sobreviver a longa viagem até a Europa, onde, os poucos que sobrarem, serão vendidos como coisa rara vinda dos trópicos, indignação contra a justiça que se cala diante de uma família que aguarda o julgamento do assassino de seu filho há mais de um ano.
Indignação.
Este é o combustível que nos acorda todos os dias e nos faz pensar "tenho que mudar o mundo". Sim, jornalista bom é o que pensa isso, o resto é repórter de fofoca e de moda, não agrega muito. Jornalista bom é que nem marceneiro, que olha a madeira e fala "tá fora de prumo", traz uma plaina e desbasta a viga, até ela se alinhar.
Jornalista de verdade, que tem tesão pela notícia, mas não pela notícia em si, e sim no resultado que ela pode trazer, é assim, um romântico, que acredita que as coisas podem, sim, mudar.
Jornalista de verdade não desiste de tentar, todo dia, mudar alguma coisa no mundo. Não é só ler minha matéria de manhã cedo enquanto tomo café, mas sim, pensar em quantas pessoas que podem me ajudar a mudar o mundo estão fazendo o mesmo que eu, olhando aquilo, se indignando junto comigo e pensando em formas de transformar o mundo.
Afinal, ninguém faz isso sozinho. Nem mesmo um jornalista.

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