segunda-feira, 6 de junho de 2011

Excelsior


Sofro de infância tardia. Gosto, ainda de coisas que gostava quando era pequeno. Ainda leio quadrinhos, assisto desenho animado e como brigadeiros.Pouco mais de um ano atrás, me peguei brincando, com meus pais, tios e primos, de cabra cega na casa de uma tia minha. Adultos, alguns de quase sessenta anos de idade, deixando este gosto de infância entrar em suas vidas e se permitindo a diversão por isso.

Esta síndrome de infância tardia, ou síndrome de Peter Pan, como queiram, não me impede de cumprir meus papéis sociais de homem adulto neste mundo opressivo e competitivo, onde é importante parecer algo que você não é, mostrar uma força que você, às vezes, não tem, e fingir-se adulto em momentos em que tudo o que você queria era poder correr descalço sob a chuva.

Falando sobre infância, Sexta-feira chegou ao final uma das séries mais interessantes sobre a infância de muitos de nós. As Incríveis Aventuras do Pequeno Parker, de Vitor Cafaggi, um mineiro sensível que, como eu, parece não aceitar muito bem a ideia de ter que envelhecer, estão chegando ao seu fim, após três anos nos fazendo rir e chorar, tocando em nossos corações e puxando memórias antigas, revivendo sentimentos, demonstrando que não existe vergonha e nem tristeza em ser criança mesmo depois de adultos.

Abaixo, o comentário que deixei no site no post de encerramento.


Eis a nossa infância tardia. o pequeno Parker cresceu.


Nós somos tocados pela Síndrome de Peter Pan, queremos que a infância seja eterna, mas não é. Peter tinha que crescer, mais cedo ou mais tarde, tinha que vir a ser o homem com grandes poderes e grandes responsabilidades.



Olhando para ele voltei a ser criança. Senti medo dos valentões, relembrei minha primeira paixão (uma garotinha ruiva de olhos verdes chamada Lilian. Sim, sofro de síndrome de Charlie Brown, também, de me apaixonar por garotinhas ruivas que nunca vão se interessar por mim, e sim pelo Linus), voltei aos meus antigos brinquedos, ri com os poucos amigos e as grandes aventuras. Passeei por cada referência.



Puny Parker tem cheiro de infância tardia, de quem ainda não envelheceu o bastante para deixar o coração endurecer.



Mas o Peter tem que crescer. E nós também.



Parabéns, Vitor. Primeiro, pela iniciativa, depois, por lançar um olhar novo sobre um personagem que vem sofrendo um desgaste devido à superexposição, e em terceiro lugar, pela qualidade excelente que você impôs ao seu trabalho.



Se Stan Lee já viu Puny Parker, certamente, sei o que ele disse...



"Excelsior!"

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