segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Atrás poeira


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

 
Uma grande mudança se apresenta na minha vida. Em pouco mais de uma semana estou saindo de Santos e indo para João Pessoa. A todos que ficam, que saibam que as roupas velhas e confortáveis já não me servem mais. Sem o desafio de viver, de que adianta viver?

Então, encare os desafios, vença seu medo, corte os cordões que te prendem. É tempo de mudança? Não resista e não hesite. Mude! Transforme o mundo a sua volta e o mundo a sua volta transformará você!


Mudança
João Thiago

É tempo de mudar
Mudar de ares
Mudar de mares
Mudar de céu

Mudar de nome
Do sal pro mel
Mudar consome
Força e vontade
O tempo some
Mas a paisagem
Que vejo é outra

E outra é a vida
E outro é o riso
E a vontade

Este é o tempo
Mudo a contento
Atinjo meu auge
Na mudança que urge
No pensamento que surge
Trazido ao vento

Mudar é foda
E não se comporta
Em caixas apenas

Mudar de gosto
Loiras, morenas
De vinho prá rum

Mudar é um passo que se dá
Mais um

Mudar para vencer
Mudar por mudar
Mudar de fase
Mudar como a lua
Mudar de face
Mudar como o Lula
Na eleição que ganhou

Mudar de cidade
Mudar à vontade
Mudar e crescer

Não mudar prá você
Mas mudar e te ter
Mudar por amor
Sem ódio ou rancor
Mudar para amar

Amar de verdade
Sem medo ou saudade
Prá nos afastar

Mudar prá estar junto
Ser um só defunto
(como dizia o poeta
Naquela crônica que li
Em uma primavera)

Mudar para mim
Prá satisfação
De um desejo contido
A transformação
Que aumenta a libido

A metamorfose
De uma lagarta
Em borboleta
Como a descoberta
Da pedra em Roseta
A mudança descobre
O que há mais em mim

A minha mudança
Não vem prá ficar
Mas para mudar
E novamente
Como o tempo que muda
Como a serpente
Que muda de rumo
Só no arrastar

Mas quero voar
Ter asas, ser ave
Mudar como o tempo
De frio prá calor
Sem ódio ou pavor
(apesar de sentir
Um medo tremendo
De mudar e não vir
A pessoa que sendo
Me deixar feliz)

O medo que sinto
De tal mudança
Não impede que siga
Com temperança
Preparando minha alma
Para alcançar
O homem que vou
Ainda me tornar
Um homem pronto
Pronto para amar
E novamente mudar
E mudar, e mudar...

3 comentários:

  1. Esse trecho de Fernando Pessoa está na Playboy da Cleo Pires. Marcou, então, poetinha? rs


    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Tanto é bom como é necessário MUDAR, é muito difícil decidir a hora certa de cortar os cordões, gostaria muito de ter sua coragem. Só eu sei o quanto preciso de mudanças, mas estou presa.
    Parabéns...

    ResponderExcluir
  3. Ah, Capitu... tem certas coisas que não dá prá esquecer...

    Lucianna, precisa ter coragem para mudar. Coragem para voar. E você tem a mesma coragem, ela está aí dentro, é só colocar prá fora.

    ResponderExcluir