domingo, 9 de janeiro de 2011

72 Horas - Crítica




Russel Crowe nos prende em thriller de fuga bem construído

Russel Crowe deve viver em ciclos de dez anos. Quando estes ciclos se fecham ele volta a fazer os trabalhos que fez no ciclo anterior. Foi assim com “Robin Hood”, onde faz o lider do povo que se torna símbolo de uma nação. Quase o mesmo personagem de “O Gladiador”, do mesmo diretor na virada do século XX.

Não é diferente em “72 horas”. Seu personagem é quase uma reencarnação de John Nash, de “Uma mente Brilhante”, que lhe valeu uma indicação ao Oscar. Um homem em constante choque com a realidade que o permeia. Ele não quer acreditar que sua mulher vai permanecer presa pelo resto da vida.

E este é o tipo de papel que Russel Crowe faz como ninguém. Contido, fragmentado, tridimensional, ele faz com que o homem que interpreta seja crível em um nível que poucos atores em Holywood conseguem.

O filme acompanha a luta deste homem, John, para tirar Lara, sua esposa, da cadeia. Acusada de assassinato, todas as provas a incriminam, todas as apelações foram tentadas e nada deu certo. Tendo que lidar com o filho criança, a falta de dinheiro, as visitas nada íntimas a esposa presa, que, em dado momento, tenta o suicídio, aquele homem vai mergulhando em um plano louco para resgatar a vida que tinha. A vida que lhe foi arrancada.

O diretor e roteirista Paul Haggis nos propõe, então, um jogo contra o tempo e contra a nossa compreensão de moral. Até onde você vai pelo seu amor? Quão forte pode ser o amor de um homem? Quão forte pode ser um homem por seu amor? Russel Crowe é totalmente crível diante destas questões com uma atuação contida (que lembra o John Nash de “Uma mente brilhante”, por isso o paralelo entre os dois) e realista de um homem colocando tudo em jogo para resgatar tudo o que perdeu.

A direção de Haggis é fundamental para nos fazer acreditar que o plano pode não dar certo. Todos os improvisos ao logo do filme beiram o colapso. John está no limiar entre a razão e o desespero. Quando sabe, então, que tem menos de três dias para tirar Lara da prisão, a coisa fica pior e ele é obrigado a por o plano em ação.

Um plano que não está pronto, cheio de falhas e lacunas. Um plano de fuga desenhado por um homem que nunca fugiu, mas que está disposto a tudo para ter sua esposa de volta. Um bom homem colocado em uma situação de vida ou morte. E não há muitos atores como Russel Crowe para nos convencer de que isso é de verdade.

Os detalhes fazem a diferença. Como a tensa relação entre John e seu pai, vivido excepcionalmente por Brian Denehy. Ou as fontes de informação que ele vai buscar na internet para complementar seu plano. Todas as fontes são reais e perfeitamente plausíveis. Coisas que qualquer homem comum, em um momento de desespero está disposto a fazer.

As reviravoltas são parte destes detalhes. Apesar de usar alguns recursos estilísticos repetidamente (a câmera mostrando ou ocultando o que interessa para que o suspense aumente), suas resoluçõs são plausíveis. Não existe, no mundo deste filme, nenhuma fórmula que não estaria presente ali se aquilo não fosse real. Do desespero estampado no rosto de Lara até a montagem do quebra-cabeças pelos policiais, tudo é factível, tudo pode acontecer com qualquer um.

No fim, um filme onde se vê claramente a mão do diretor. Dirigindo seu próprio roteiro Haggis sabe o que está fazendo. Pode-se distinguir seu toque dentro do filme, construindo o suspense amparado na excelente atuação de Russel Crowe e, depois, construindo a fuga de forma a nos fazer acreditar nele. Apesar de um pouco desgastada, a fórmula dos filmes de prisão dá certo neste thriller.

Um comentário:

  1. Fala brima!!! Assista o filme Cela 211. Muito louco. E ae como está a Paraíba? Está morando aonde? Como te falei tenho um amigão que Mota aí na cidade. Abraços, boa sorte e fica com Deus.

    ResponderExcluir