quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mundo de hedonistas

Hoje, conversando com uma delegada aqui de João Pessoa, falávamos da sociedade de consumo que nos cerca. Todos desejam consumir, mas é a vontade de "ter" que acaba nos levando às raias da loucura, cometendo coisas das quais teríamos vergonha na maior parte do tempo.

"Ter" e "ser" são coisas diferentes. No entanto, vou mais longe... E quanto ao "transcender", verbo pouco usado no mundo de hoje, tão marcado por superfícies? Quando não passamos de espelhos d'água, o que fazer com o nosso dentro, que não consegue se tornar algo novo, transformador, algo que nos faça mudar?

O meu dentro é o que escorre (valeu, Orgone!) e quer ser mais do que eu já sou. Isso de ser aquilo que a gente realmente é ainda vai nos levar além. (Valeu, Leminski!). Podemos ser mais do que consumimos, e podemos ir além daquilo que somos. O mundo precisa ser transcendido. Nossa existência só faz sentido pensando-se na ausência dela.

No entanto, tantos ainda estão presos ao ter. Ter o corpo perfeito. Ter os amigos descolados. Ter o carro de luxo. Ter o emprego que pague bem. Ter um diploma, um pós-doutorado, um título, ter, ter, ter...

O ser precisa transcender a superficialidade e mergulhar em nosso âmago para nos fazer entender o que realmente somos. O desafio da vida, entendam, não é ter esta resposta, mas saber lidar com esta pergunta, afinal, nunca saberemos quem somos de verdade.

Enquanto isso, temos, temos, temos, e somos alguma coisa que não entendemos. Nosso papel? Que não seja apenas o de consumir, mas o de produzir algo que, mais que consumido, possa ser absorvido, aprendido, desenvolvido.

Podemos ser mais do que o que somos. Podemos ter mais do que o que temos.

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