segunda-feira, 30 de maio de 2011

Visto meu corpo de gordo

Durante muito tempo mantive um blog sobre o processo de emagrecimento pelo qual estava passando. Ando meio sem criatividade para escrever por aqui, tem um outro projeto que tem me tomado de uma forma louca e agradável, e eu não tenho dinheiro para ficar na internet o dia inteiro. Nos próximos dias vou postar umas coisas engraçadinhas que estão no outro blog, cujo nome não vale a pena citar.

A primeira é um poema do Jô Soares, que está no excelente "O Astronauta sem Regime", seu livro de crônicas, contos e piadas, lançado há tanto tempo que nem sei mais.


Visto o meu corpo de gordo
Como armadura de um cavaleiro andante
Mas trago a agilidade do trapézio
No absurdo do meu salto.

Dias a fio desafio a física
Contrariando as leis da gravidade,
Já que a farta matéria que me cobre os ossos
Deveria me dar o ritmo das pedras.

Meu gesto é fácil e meu passo é voo.
Meu pulo é largo e espanta os tristes
E todos aqueles que, de medo,
Guardaram meus saltos no bolso da rotina.

Meu corpo livre, volumoso e leve
É como um traje espacial
E saio pelo espaço.

Não tenho tubos me ligando ao módulo
Mas já tive um cordão muito umbilical.

Eu sou o astronauta sem regime,
O Dom Quixote do carboidrato.

Jô Soares

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