sábado, 23 de julho de 2011

Trinta anos e um mês

Agora, um mês depois dos meus trinta anos completados, sinto que preciso fazer uma análise de como cheguei até aqui. São trinta anos, afinal de contas, não trinta dias. As três décadas são marcantes. Sou balzaquiano agora, alcancei a idade da maturidade, alguns diriam.
Não eu.
Não me sinto mais maduro porque completei trinta anos. Ao contrário, ando tendo crises de imaturidade e infantilidade que me incomodam. Ajo sem pensar na maior parte das vezes, e esta minha impetuosidade acaba causando danos catastróficos e reações inesperadas em pessoas que eu gosto muito. Eu sei que esta infantilidade é fruto de uma insegurança perene, que se instalou em mim de forma a permear todas as áreas da minha vida plenamente. Sou um inseguro, sim, admito isso, mas existe certa beleza e certo lirismo nisso.
Sou mais realista? Não. Ao contrário. Chego aos 30 mais romântico do que esperava, sentindo em mim amores e dores de formas novas e diferentes. Sou novamente o adolescente que se perdeu lá atrás, cheio de amores platônicos, tomado por paixões avassaladoras de um dia, uma semana, um mês ou uma eternidade.
Resultado disso, voltei a ser um homem carinhoso com algumas mulheres. Reaprendi a fazer massagem, falar coisas doces, ser cortês. Tudo isso, não com o objetivo de conquistar, mas por conta do fato de que há em mim uma necessidade de ser assim, mais doce e delicado com as mulheres. Algumas, em especial, me chamam a atenção. Ora por quem são, ora pelo que fazem. Uma, de uns tempos para cá, tem feito isso mais assiduamente. A mantenho na platonia e creio que assim ficará eternamente. Minha insegurança me mostra que ela está mais interessada em outros aspectos de mim, não necessariamente no romance.
Em outros aspectos referentes a relacionamentos interpessoais, chego aos 30 mais pragmático do que eu pensava. Sempre fui de poucos amigos. Poucos, mas fieis e bons. Quando inventei de ter muitos, não deu muito certo. Me feri e feri de volta. Só que eu tenho o problema de guardar para mim as minhas dores, e quando explodo, geralmente é resultado de uma série de pequenas ações que foram incomodando aos poucos, enchendo o meu copo de cólera. Quando explodo sempre é por algo que vem acontecendo, não por algo que aconteceu ali, naquela hora. Aos 30 isso não é diferente em mim do que aos 20, ou aos 10.
quanto ao futuro, mais pessimista do que eu gostaria de ser. Não o vejo com bons olhos. Hoje, não me vejo casado aos 40, por exemplo. Não me vejo cercado de pessoas comemorando meus 40 anos, pois sabe-se lá onde estarei aos 40. sou um profissional bem resolvido (ao menos em alguma coisa eu tenho que ser bom), sei do meu papel na minha empresa e na minha profissão. Aos poucos tenho encontrado meu caminho. Neste âmbito, não penso que será de todo ruim o meu caminhar.
No entanto, é em outras áreas da vida que eu penso que precisarei de ajuda daqui para a frente. Penso que preciso de um analista. Alguém que entenda minhas dores e minhas neuras. Minhas inseguranças e meus traumas e me ajude a entende-los e conviver com eles. Sou um homem fechado atrás de seus escudos, atrás de suas proteções, e sei que não vou mudar. Quando tento faze-lo é para me ferir, como aconteceu com quem prometeu me ajudar e me abandonou no caminho.
Sou triste? Sim, muito, e não nego. Afinal, minha essência é tomada por uma tristeza insólita por ser alguém extremamente sozinho. E os sozinhos sabem que são errados, disfuncionais, problemáticos, erráticos. Eu sei que sou tudo isso. Tenho coisas boas? Devo ter. Uma mulher me suportou por dez anos e era apaixonada por mim. Eu devo ter algo de bom. Meu primo e melhor amigo me suporta e bem. Devo ter algo de bom. Algumas pessoas entendem minhas explosões, minhas neuras e inseguranças, mas a maioria não tem paciência para isso.
Então, acabo por ver o que me tornei. Eu mesmo, alguém um pouco amargo, um pouco egoísta, humano, demasiado humano. Gostem ou não, este sou eu. Eis o homem! E ele não tem vergonha de quem é.

Um comentário:

  1. Que desabafo, hein...
    Sinto que já é um começo de terapia. Porque falar ajuda muito.
    Por isso, muitas meninas escreviam em seus diários e talvez algumas ainda escrevam.
    Fiquei um pouco abalada por me identificar em algumas coisas... hehehe.

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